Brasil Novo Notícias: ‘É MUITO DIFÍCIL ACREDITAR QUE ISSO TENHA SIDO UM SIMPLES CONFRONTO’, DIZ OAB SOBRE MORTES EM FAZENDA NO PARÁ

sábado, 27 de maio de 2017

‘É MUITO DIFÍCIL ACREDITAR QUE ISSO TENHA SIDO UM SIMPLES CONFRONTO’, DIZ OAB SOBRE MORTES EM FAZENDA NO PARÁ

Para a Comissão de Direitos Agrários da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PA) é necessário uma apuração rigorosa na investigação das mortes dos 10 agricultores mortos em fazenda no sudeste do Pará, na quarta-feira (24).
A OAB-PA formalizou denúncia da escalada da violência no campo do Estado do Pará, ainda na última segunda-feira (22).
Uma ação das Polícias Civil e Militar na manhã da quarta-feira (24) resultou na morte de 10 pessoas, na fazenda Santa Lúcia no município de Pau D’Arco. Segundo a polícia, as mortes aconteceram durante o cumprimento de 14 mandados de prisão preventiva e temporária contra suspeitos de envolvimento no assassinato de um segurança da fazenda. Além do inquérito policial, os Ministérios Público Federal (MPF) e Estadual (MPPA) vão investigar o crime.

De acordo com o presidente da Comissão de Direitos Agrários da OAB-PA, Ibraim Rocha, é difícil acreditar que um confronto deixe 10 agricultores mortos e nenhum policial ferido. “É verdade que nós estamos recebendo essa avaliação inicial de confronto. Mas, sinceramente, custa acreditar que 10 pessoas sejam mortas e sejam um confronto com a polícia. A OAB junto com o Conselho Nacional de Direitos Humanos vai requerer uma rigorosa investigação nesse caso”, afirma.
Membros do Conselho Nacional de DH farão uma visita ainda nesta quinta-feira (25) ao município de Redenção, próximo a Pau D’Arco, onde as mortes aconteceram.
É certo que a versão da Segup [Secretaria de Segurança do Pará] merece alguma credibilidade porque é a primeira que chega. Mas é muito difícil de acreditar que isso tenha sido um simples confronto. Queremos uma investigação séria e isenta porque 10 mortos é uma violência extrema. A versão do Estado deve ter fundamento mas precisa ser provada”, comenta.
Combate a violência no campo
Segundo Ibraim, dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT), em um ano foram registradas no Pará 40 mortes no campo. “Os últimos casos mostram o requinte de violência. Então temos um quadro de descontrole. Não dá para tratar de forma simplória. É preciso investigar se os casos não tem conexões, e as ações de milícias. As milícias estão aí e não são desmontadas”, avalia.

Para a OAB, um elemento de combate a essa violência tem sido esquecido. De acordo com o presidente da Comissão, há uma morosidade no combate as questões que geram esses conflitos e é preciso retomar as decisões do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que cancelam títulos de terras grilados e associar a reforma agrária.
Existe um elemento que está sendo negligenciado pela sociedade que é a grilagem de terras. Em 2010, foi emitida uma decisão do CNJ determinando o cancelamento de cerca de 10 mil títulos com suspeita de grilagem. Esses títulos eram de aproximadamente 480 milhões de hectares, sendo que o estado do Pará só tem 124 milhões de hectares. Ou seja, essas áreas griladas eram quase quatro vezes a área do Estado. E até hoje, passados sete anos, nos só temos cancelados 3 mil títulos”, revela.

Fonte: G1/PA

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