Quase 30% da população adulta do Pará, o equivalente a quase 1,6 milhão de pessoas, possui pelo menos uma doença crônica não transmissível (DCNT), segundo dados da inédita Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), desenvolvida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em parceria com o Ministério da Saúde, com números relacionados a 2013.
O levantamento, divulgado ontem, revela que essas enfermidades atingiram principalmente o sexo feminino (33,8%) – são 903,2 mil mulheres e 641,9 mil homens (25,2%) portadores de enfermidades crônicas. No Brasil, o índice atingiu cerca de 40% da população, o equivalente a 57,4 milhões de pessoas.
As doenças crônicas não transmissíveis são responsáveis por mais de 72% das causas de mortes no Brasil, segundo o Ministério da Saúde. A hipertensão arterial, diabetes, doença crônica de coluna, colesterol (principal fator de risco para as cardiovasculares) e depressão são as que apresentam maior prevalência no país. A existência dessas doenças está associada a fatores de risco como tabagismo, consumo abusivo de álcool, excesso de peso, níveis elevados de colesterol, baixo consumo de frutas e verduras e sedentarismo.
O colesterol alto e/ou a hipertensão arterial prejudicam a vida de pelo menos meio milhão de paraenses. Segundo a apuração dos pesquisadores, 625 mil paraenses sofriam com problemas de hipertensão e 587 mil tinham colesterol alto. Proporcionalmente, o Pará tinha quase a mesma quantidade de doentes ( com esse diagnóstico ) em relação ao Brasil, levando em conta que 9% da população brasileira tinham colesterol alto, contra os 7% do Pará, e 13,9% do Brasil estavam com hipertensão arterial, enquanto no Pará eram 8,3%.
Mais de 30% dos paraenses que sofrem de algum problema no coração já fizeram cirurgia de ponte de safena, colocação de stent ou angiosplatia. A PNS indica que 79 mil pessoas foram diagnosticadas com problemas cardíacos, no Pará. Desse total, 27 mil pessoas já passaram pelas operações citadas. A maioria dos pacientes é do sexo feminino (49 mil) e, ou, estava na faixa de idade de 30 a 59 anos.
DIABETES
Realizada entre agosto de 2013 a fevereiro de 2014, a PNS tem como objetivo servir de base para que o Ministério da Saúde possa traçar suas políticas públicas para os próximos anos. Durante o levantamento, foram entrevistados 63 mil adultos em domicílio, escolhidos por meio de sorteio entre os moradores da residência para responder ao questionário. Essa é a primeira parte da pesquisa; uma segunda fase trará informações resultadas dos exames de sangue, urina e aferição da pressão arterial dos brasileiros.
A pesquisa mostra que 81 mil paraenses receberam um diagnóstico médico de Acidente Vascular Cerebral (AVC), mais frequente entre pessoas na faixa de idade que varia entre 30 e 59 anos (46 mil pessoas). De acordo com o levantamento, as mulheres são as mais atingidas por esse tipo de problema, no Pará. Do total de diagnósticos, pelo menos 60 mil foram entregues a mulheres e quase 20 mil a homens.
Segundo o estudo divulgado, o Estado tinha o maior número de pessoas da região Norte com diabetes (16 mil) com um grau intenso, ou muito intenso, de limitações nas atividades habituais devido à diabetes ou à alguma outra complicação. Aliás, no Pará, foram encontradas uma das maiores populações diagnosticadas com diabetes, do País (168 mil). As principais recomendações médicas eram “manter uma alimentação saudável”, sugerida a 148 mil pessoas, e “manter o peso adequado”, apontada para 148 mil paraenses.
Os médicos também pediram aos diabéticos do Estado para que diminuíssem o consumo de carboidratos (126 mil pessoas), para que praticassem esportes (126 mil pessoas), para que não fumassem (134 mil pessoas), para que não bebessem em excesso (138 mil pessoas), para que medissem a glicemia em casa (72 mil pessoas) e para que examinassem os pés com regularidade (109 mil pessoas).
A insuficiência renal crônica foi identificada em 31 mil paraenses, sendo 18 mil mulheres e 13 mil homens, no grupo de idade que seleciona pessoas com 18 a 29 anos. Os atendimentos constataram que a maioria dos pacientes não têm instrução ou estão com o ensino fundamental incompleto (18 mil pessoas). Conforme explica a pesquisa, paraenses com ensino superior completo não foram encontrados entre os que receberam esse tipo de diagnóstico.
Os problemas crônicos de coluna, que impõem limites às atividades habituais, acometiam a 109 mil paraenses, em 2013, sendo a maioria mulheres (89 mil pessoas). Dificuldades médicas com a coluna, que já se arrastam há algum tempo, são comuns na vida de 857 mil pessoas, no Estado – o maior número da região Norte. Boa parte dos cidadãos diagnosticados tinham entre 30 e 59 anos de idade.
Há ainda 10 mil pessoas no Pará que estavam com depressão diagnosticada e faziam tratamento psicoterapêutico com frequência, mas 11 mil cidadãos possuíam grau intenso ou muito intenso de limitações nas atividades habituais devido à depressão. O problema ocorre mais a paraenses com 30 a 59 anos de idade.
O estudo classificou ainda a presença das doenças crônicas por região, mostrando que o Sul e o Sudeste obtiveram os maiores índices – com 47,7% e 39,8%, respectivamente. Em números absolutos, isso significa 10,3 milhões de habitantes do Sul e 25,4 milhões do Sudeste.
O Centro-oeste é a terceira região com maior prevalência – 4 milhões de pessoas (37,5%), seguido do Nordeste e o Norte, com 36,3% e 32% dos habitantes – sendo 14 milhões de nordestinos e 3,4 milhões dos que vivem na região Norte. Em todas as regiões as mulheres tiveram maior prevalência quando comparadas aos homens. Isso ocorre pelo fato delas procurarem atendimento em saúde de forma espontânea com mais frequência do que os homens, facilitando assim o diagnóstico de alguma possível doença crônica.
“Essa pesquisa traz o retrato atual da saúde da população. Temos de trabalhar de forma intersetorial para reverter esse quadro, incentivando a prática de exercícios físicos e outras medidas voltadas a um estilo de vida mais saudável. As equipes de Saúde da Família têm tido uma atuação importante nessa área, com a realização de grupos de caminhada e de dança, e muitas cidades tem valorizado as ciclovias, por exemplo. Temos de romper esse hábito de sentar na frente da televisão e chamar a atenção da população sobre o sedentarismo. O Ministério da Saúde, agora, tem um desafio ainda maior com o Mais Especialidades, direcionando o nosso olhar aos dados da PNS”, destacou o ministro da Saúde, Arthur Chioro.
ORM News
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