O Brasil tem ao menos 16 barragens de mineração inseguras, segundo dados oficiais de relatórios do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM). Do total, três estão no Pará, duas em Barcarena e outra em Ipixuna do Pará. Todas elas pertencem à empresa Imerys Rio Capim Caulim S/A. O levantamento, atualizado pela última vez em abril de 2014 e divulgado ontem pelo jornal Folha de S. Paulo, mostra que essas barragens também estão em municípios dos Estados de Minas Gerais e Amazonas.
Segundo o relatório, as barragens Bacia B2, Bacia B3, de caulim, e Bacia Corpo B, de conteúdo não especificado, podem oferecer risco de dano ambiental e à população das cidades e vilarejos do entorno.
Ainda segundo reportagem da Folha, a tabulação feita pelo órgão federal usa dados divulgados pelos próprios donos das barragens. É um conjunto de informações que acabam resultando em um conceito de segurança. A letra A significa que o estado da barragem é crítico para os quesitos de segurança considerados mais importantes, como a estrutura das construções.
O potencial de dano ambiental e social da barragem também é considerado na avaliação técnica. Apesar de considerar que houve um ganho nessa avaliação, que começou a partir de um plano nacional criado em 2010, especialistas ouvidos pela Folha dizem que muitos avanços precisam ser feitos, ainda mais depois da tragédia ambiental com as duas barragens de Mariana (MG).
“Por utilizar critérios muito simples a análise acaba subestimando ou superestimando o risco”, afirma Marcelo Valerius, engenheiro ambiental especialista em segurança de barragens de rejeitos, e analista ambiental da secretaria estadual de Meio Ambiente de Goiás.
DEMISSÃO
O diretor-geral do DNPM, Celso Luiz Garcia, pediu demissão do cargo, que ocupava desde 8 de junho deste ano. O Ministério de Minas e Energia informou que a carta de demissão foi entregue ontem junto com um laudo médico, mas não soube informar o que constava no laudo.
Apesar de haver falhas na classificação oficial, o especialista defende a tese de que existe um problema ainda mais grave, que ficou evidente no rompimento das barragens da Samarco.
“O risco pode ser até bem avaliado. Mas o mais importante é o poder público cobrar as medidas cabíveis para que o risco seja minimizado”, diz Valerius. No caso da tragédia, por causa da proximidade da barragem em áreas habitadas, deveriam existir, segundo o engenheiro, vários tipos de alerta a serem dados diretamente para a população. “Como avisos sonoros e visuais e até alertas em rede de televisão e estações de rádio, como é feito em alguns países”, diz o estudioso.
Nos Estados Unidos, estados onde existem tornados usam até mensagens de celular para avisar a população potencialmente atingida. O fato de o Brasil registrar vários incidentes com barragens de mineração na última década também chama a atenção do engenheiro e consultor Jehovah Nogueira Júnior, que já trabalhou em mais de 40 barragens. “É importante que as barragens de rejeito sejam projetadas e monitoradas como se fossem barragens de usinas hidrelétricas”, diz.
MARIANA
Doze dias após o vazamento de lama que devastou vilarejo de Mariana e que começa a chegar ao Espírito Santo, a mineradora Samarco reconheceu que outras duas barragens próximas ainda podem ruir. A preocupação é com os reservatórios de Santarém e de Germano. Na semana passada, a empresa havia chamado de “boatos” informações sobre o risco de novo rompimento.
ORM News
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