A
procuradora da República Jerusa Burmann Viecili, da força-tarefa da
Operação Lava Jato, do Ministério Público Federal, em Curitiba,
aponta que as obras da Usina Hidrelétrica de Belo Monte causaram
‘graves impactos ambientais’ e também ‘prejuízo econômico
para a sociedade’.
A
construção é alvo da Operação Buona Fortuna, 49.ª fase da Lava
Jato, deflagrada nesta sexta-feira, 9. O ex-ministro da Fazenda da
ditadura Antonio Delfim Netto e seu sobrinho, o empresário Luiz
Appolonio Neto são alvos de mandados de busca e apreensão.
“As
provas indicam que o complexo esquema criminoso verificado no âmbito
da Petrobras se expandiu pelo país e alcançou também a Eletrobrás,
em especial nos negócios relativos à concessão e construção da
Usina Hidrelétrica de Belo Monte. Essa obra, além de ter ocasionado
graves impactos sociais e ambientais na região que já haviam sido
demonstrados pelo Ministério Público Federal, também redundou em
elevados prejuízos econômicos para toda sociedade”, afirma a
procuradora.
A
Buona Fortuna afirma que Delfim Netto recebeu percentual de propina
mediante contratos fictícios de consultoria sobre a construção de
Belo Monte. O nome da operação é uma referência a uma das
empresas de consultoria de Delfim, a ‘Buona Fortuna.
Em
nota, o Ministério Público Federal, no Paraná, informou que Delfim
Netto é suspeito de receber parcela das vantagens indevidas que
seriam direcionadas aos partidos PMDB e PT, em razão de sua atuação
na estruturação do consórcio Norte Energia.
“As
provas indicam que o ex-ministro recebeu 10% do percentual pago pelas
construtoras a título de vantagens indevidas, enquanto o restante da
propina foi dividido entre o PMDB e o PT, no patamar de 45% para cada
partido”, informa a Procuradoria da República.
Segundo
os investigadores, já foram rastreados pagamentos em valores
superiores a R$ 4 milhões de um total estimado em R$ 15 milhões,
pelas empresas Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez, Odebrecht, OAS e
J. Malucelli, todas integrantes do Consórcio Construtor de Belo
Monte, em favor de pessoas jurídicas relacionadas a Delfim Netto,
por meio de contratos fictícios de consultoria.
No
caso da Odebrecht os pagamentos foram registrados no sistema de
controle de propinas da empresa (“Drousys”), com o codinome
“Professor”.
“As
apurações demonstraram que realmente não foi prestado nenhum
serviço pelo ex-ministro às empreiteiras que efetuaram os
pagamentos”, aponta a Lava Jato.
Delfim
foi o todo poderoso ministro da Fazenda do regime militar, nos anos
1970. Ele ficou famoso como o ministro do ‘milagre econômico’.
Em
agosto de 2016, em depoimento ao delegado da Polícia Federal Rodrigo
Luís Sanfurgo de Carvalho, da Lava Jato, Delfim Netto, de 89 anos,
afirmou que recebeu R$ 240 mil em espécie da Odebrecht em outubro de
2014 por ‘motivos pessoais, por pura conveniência’, devido a um
serviço de consultoria que ele teria prestado à empreiteira.
COM
A PALAVRA, OS ADVOGADOS FERNANDO ARANEO, RICARDO TOSTO E JORGE NEMR,
QUE DEFENDEM DELFIM NETTO
“O
professor Delfim Netto não ocupa cargo público desde 2006 e não
cometeu nenhum ato ilícito em qualquer tempo. Os valores que recebeu
foram honorários por consultoria prestada.”
COM
A PALAVRA, LUIZ APPOLONIO NETO
A
reportagem fez contato com a defesa de Luiz Appolonio Neto. A defesa
informou que só vai se manifestar quando tiver acesso aos dados da
investigação.
COM
A PALAVRA, O MDB
NOTA
– MDB LAVA JATO
O
MDB não recebeu propina nem recursos desviados no Consórcio Norte
Energia. Lamenta que uma pessoa da importância do ex-deputado Delfim
NetTo esteja indevidamente citado no processo. Assim, como em outras
investigações, o MDB acredita que a verdade aparecerá no final.
COM
A PALAVRA, O PT
NOTA
DO PT LAVA JATO ATACA O PT NO ANO ELEITORAL
As
acusações dos procuradores da Lava Jato ao PT, na investigação
sobre a usina de Belo Monte, não têm o menor fundamento. Na medida
em que se aproximam as eleições, eles tentam criminalizar o
partido, usando a palavra de delatores que buscam benefícios penais
e financeiros.
Brasília,
9 de março de 2018.
Assessoria
de Imprensa do Partido dos Trabalhadores
FONTE:
ESTADÃO
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