Quase 100 bilhões em investimentos em obras de infraestrutura estão previstos para os próximos seis anos na Amazônia. Obras prioritárias para o Estado e que continuam desprotegendo a maior floresta tropical do mundo e violando direitos dos povos que ali habitam. A Usina Hidrelétrica Belo Monte, por exemplo, chegou na região há mais de quatro anos e já deixa um legado de impactos irreversíveis. Neste contexto de ameaças, lideranças históricas, pesquisadores e instituições envolvidos no tema da proteção do território da Bacia do Xingu se reúnem para realizar o 2º Encontro Xingu + Diversidade Socioambiental no coração do Brasil, em Altamira (PA), entre os dias 22 e 24 de outubro. O evento é fechado para convidados e acontece no retiro Bethanea.
No evento, os participantes realizarão um intercâmbio de experiências e visões sobre seus territórios, fortalecendo as conexões existentes para promover a gestão e a proteção integrada da Bacia do Xingu. Estarão presentes cerca de 80 pessoas, entre 21 instituições indígenas e ribeirinhas do Mato Grosso e Pará, a equipe do Instituto Socioambiental (que estará parcialmente no Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável Xingu: http://pdrsxingu.org.br/), nove instituições governamentais e de apoio. Dentre as etnias participantes estarão representantes Kisedje, Kalapalo, Panará, Kayapó, Kuruaya, Xipaya, Parakanã, Yudja, Ikpeng e ribeirinhos das Reservas Extrativistas da Terra do Meio e Maribel.
A articulação entre os atores do chamado “Corredor de diversidade socioambiental do Xingu”, com 28 milhões de hectares preservados em que vivem cerca de 600 mil pessoas, é extremamente importante para fazer frente às ameaças de desmatamento, projetos de estradas, ferrovias, mineração, hidrovias e hidrelétricas em curso na região, que impactam direta e indiretamente os povos indígenas e comunidades tradicionais que vivem na região.. [mapa:http://issuu.com/instituto-socioambiental/docs/corredor_bacxg9/1?e=3045194/57560810]
Esse contexto de violações dos direitos destes povos se apoia em Propostas de Emenda Constitucionais, como a PEC 215/00, que além de paralisar os processos de regularização fundiária, legaliza a abertura das TIs para empreendimentos de alto impacto socioambiental, como estradas e hidrelétricas – o que é proibido na atualidade e pode afetar todas as 698 TIs do país.
O primeiro Xingu + Diversidade Socioambiental no coração do Brasil, realizado em outubro de 2013, reuniu mais de cem pessoas a Altamira, entre grandes lideranças xinguanas, como o cacique Aritana Yawalapiti e Raoni Metuktire, extrativistas, especialistas, representantes de organizações da sociedade civil e governo federal.
O 2o. encontro acontece num momento crucial para o Xingu, onde a usina hidrelétrica Belo Monte espera que o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) dê a Licença de Operação da usina e parte do rio seja transformado em reservatório definitivamente. O conhecimento destes povos sobre o modo de vida e os impactos sofridos foi desqualificado pelos donos da usina enquanto a hidrelétrica virou fato consumado à beira de um dos rios mais importantes da Amazônia.
Por meio de Grupos de Trabalho em cinco temas – Economia-Produção e Comercialização, Proteção Territorial, Políticas públicas, Patrimônio Cultural e Gestão das Associações –, os participantes poderão discutir estratégias de atuação e articulação em rede para promover a gestão e a proteção integrada da Bacia do Xingu.
Local: Ramal da Serrinha, centro de Formação Bethanea (sentido Recando do Cardozo), Altamira.
As informações são do ISA
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