Brasil Novo Notícias: Ordem para fechar garimpo frustra mulheres que deixaram tudo em Altamira em busca do ouro

terça-feira, 20 de outubro de 2015

Ordem para fechar garimpo frustra mulheres que deixaram tudo em Altamira em busca do ouro

Foram três dias dentro de um ônibus, que rodou mais de 2.500km para chegar ao Eldorado

Elas mal chegaram em Pontes e Lacerda e já vão ter que levantar acampamento. A decisão da Justiça Federal de fechar o garimpo ilegal que se desenvolveu na Serra do Caldeirão muitos, mas especialmente essas cinco mulheres que saíram de Altamira, no Pará, em busca de ao menos uma pepita do metal precioso que poderia mudar suas vidas. Foram três dias dentro de um ônibus, que rodou mais de 2.500km para chegar ao Eldorado. Na sexta-feira (16), começaram uma frente de trabalho, seu primeiro dia de garimpo em Pontes e Lacerda, mal cavaram alguns centímetros e já vão ter que bater em retirada.
Não teve jeito. Por maior que fosse o apelo popular para que o garimpo continuasse aberto em Pontes e Lacerda, a Justiça Federal decidiu que é hora de pagar com a extração ilegal que se desenvolveu na Serra do Caldeirão, sob risco de incorrer em danos irreversíveis ao meio ambiente e à sociedade da pacata cidade de 40 mil habitantes. A partir de agora, as forças de segurança estarão na área rural para impedir a retirada do ouro.

Lídia, Emília, Sônia Maria, Sany e Jeanny pediram demissão do emprego que tinham na Usina Belo Monte e seguiram para Pontes e Lacerda por conta própria. Ao desembarcar na cidade, elas procuraram uma loja de materiais de construção e logo compraram pás, picaretas e enxadas, para começar os trabalhos. Foram atraídas a Mato Grosso por uma série de imagens de pepitas gigantes de ouro, o que era apenas mentira.

“Eu me iludi. Não vou dizer que estou arrependida porque já estou aqui, mas aqui é trabalho duro. Vou furar aqui com minhas amigas até achar um pouco de ouro. Aqui não tem pena nem caso de achar que alguém é coitado. Estamos na mesmas condições”, disse Sônia Maria, que lidera o grupo.

Sem nenhum sinal de vaidade, como maquiagens, unhas pintadas, cabelos chapados ou cremes para a pele, as muheres se desdobram para conseguir perfurar ao menos um metro por período. “Aqui não temos mimimi, temos é força de vontade. O lance do trabalho aqui é duro. Precisamos agora ter força no braço e encarar. Já estamos aqui, agora é parar de choro. O ouro não brota, as fotos nos enganaram, mas, mesmo com esses impecilhos, nós vamos ficar até o último minuto”, disse Lídia.

Para agilizar o trabalho de escavação, as guerreiras de Altamira usam um misto de charme e inteligência. Enquanto uma das mulheres é ‘emprestada’ para a barraca ao lado, para fazer comida ou lavar a louça, um ou dois homens vão para o barranco (como chamam a frente de trabalho) delas e escavam um pouco. As mulheres são todas solteiras, mas duas delas tem filhos.

“Estamos desprendidas do mundo. Sem emprego, pouco dinheiro, mas muita vontade de ficar ricas e vamos. Até a hora que der, estaremos aqui”, disse Sany.

Portal Amazonia

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