Brasil Novo Notícias: Aedes se adapta rápido e voa mais longe, dizem pesquisadores

quinta-feira, 3 de março de 2016

Aedes se adapta rápido e voa mais longe, dizem pesquisadores

O Aedes aegypti, principal vetor de transmissão da dengue, da zika e da febre chikungunya, está mudando de hábitos, se adaptando às novas condições ambientais. Ele não precisa mais da mesma capacidade de água como antigamente e se reproduz até em uma tampinha de refrigerante, além de ter expandido sua capacidade de voo, de dez metros para além de 50 metros, observa o doutor em zoologia e pesquisador do Museu Emílio Goeldi, biólogo Fernando da Silva Carvalho Filho, sobre as novas características do inseto segundo a observação recente dos pesquisadores. As diferenças entre o temido Aedes e o carapanã, os hábitos e as principais características de reprodução desses insetos foram os temas de uma conversa com o especialista do Goeldi e a médica infectologista Vânia Brilhante, professora das universidades Federal e Estadual do Pará (UFPA) e (Uepa) e do Centro Universitário do Pará (Cesupa). O objetivo é esclarecer dúvidas frequentes de quem vive o sobressalto dos agravos à saúde provocados pelo surto dessas doenças nesse período de chuvas intensas.
A morfologia é o primeiro aspecto a diferenciar as duas espécies. O carapanã ou pernilongo, como é chamado em outras regiões do País, é noturno e marrom claro. Já o Aedes é preto e branco e diurno, explica Fernando Filho, observando que tais hábitos são os preferenciais de ambos os insetos, o que significa dizer que eles podem mudá-lo.
Assim como não se pode confiar em cem por cento nos hábitos desses insetos, a infectologista Vânia Brilhante observa que nada é cem por cento, também, quando se trata dos sintomas das doenças transmitidas pelo Aedes, a exemplo da dengue, zika e chikungunya. “Os sintomas são similares, mas podem se apresentar ou não, variando de uma pessoa para outra. Por exemplo, é possível não ter vermelhidão nem coceira na zika, bem como a dengue pode se manifestar sem dor de cabeça. Porém, em geral, é mais comum apresentar em caso de dengue, febre alta e dor de cabeça. Já na zika, febre baixa, coceira e vermelhidão. A chikungnya se caracteriza sobretudo por intensas dores nas articulações’’, disse a infectologista.

Em tempos de preocupação com o Aedes, muita gente se assusta ao se deparar com os mosquitos, em geral, mas, a olho nu, explica o doutor em zoologia, a principal característica do Aedes é sua cor muito escura com manchinhas brancas nas seis pernas. O Aedes está ativo nas primeiras horas do dia e no final da tarde; ele coloca seus ovos na parede do reservatório de água, próximo à lâmina d’água, de preferência, limpa, não em contato direto com a água. Enquanto o carapanã, ou culex, seu nome científico, coloca seus ovos em água suja.
Ele informou ainda que os dois são adaptados a viver próximo do homem. Mas, pode-se afirmar que o Aedes é mais bem adaptado, já que ele encontra dentro de casa um maior número de criadouros. “Ao contrário do que muita gente pensa, o Aedes não consegue competir com as espécies nativas dentro da mata. Ele não é do mato. Ele se desenvolve em áreas antropizadas’’, frisou o pesquisador, referindo-se às áreas urbanas ou ambientes transformados pela ação do homem.
De acordo com o pesquisador, o macho e a fêmea do Aedes se alimentam de substâncias que contenham açúcar (néctar, seiva, entre outras), mas, como o macho não produz ovos, não necessita de sangue, portanto, ele não é um vetor das novas viroses. Já a fêmea intensifica a voracidade após a fecundação, quando precisa de sangue para assegurar o desenvolvimento completo dos ovos e a maturação nos ovários. Normalmente, três dias após a ingestão de sangue, as fêmeas já estão aptas para desovar, passando então a procurar um local.
Os ovos do A. aegypti são bem pequenos (medem cerca de 0,4 mm) e adquirem resistência ao ressecamento muito rápido. Aproximadamente 15h após a postura, eles já são capazes de resistir a longos períodos de ressecamento, podendo ficar até 450 dias no seco. Essa resistência permite que sejam transportados a grandes distâncias, em recipientes secos, e que sobrevivam por um ano inteiro até o próximo verão, quando o clima chuvoso e quente poderá levar à sua eclosão e à formação das larvas e, depois, do mosquito.
Não há um tratamento específico para as doenças. O importante é procurar assistência médica, manter a hidratação oral e repousar. Para sintomas como febre ou dor de cabeça exacerbada, são recomendadas substâncias como acetaminofeno ou dipirona, porém não se indica o uso do ácido acetilsalicílico ou anti-inflamatório. Para a coceira, podem ser utilizados antialérgicos.
“Não temos notícia de que uma única pessoa possa desenvolver as três viroses concomitantemente.  Nunca assisti nenhum paciente sequer com duas viroses ao mesmo tempo, exemplo dengue e zica, agora, é comum a pessoa adoecer de duas, três e até mais vezes de dengue e também já atendi paciente que haviam pego dengue e em seguida foram infectados por zika, que é uma virose recente’’, afirmou Vânia Brilhante.

ORM News

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