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quinta-feira, 10 de novembro de 2016

CRISE NA SEGURANÇA PÚBLICA EM ALTAMIRA EXIGE AÇÕES EMERGENCIAIS

Em busca de apoio na luta contra a insegurança, vereador pede ação do governo, e consegue que secretário volte o olhar para o interior
“Eu nunca mais soube o que foi sentar na porta de casa, e não tenho coragem de levar meus filhos para brincar na orla, tenho medo que eles vejam pessoas consumindo drogas, ou assistam alguma tentativa de assalto”. O depoimento é da dona de casa Maria Alice Rodrigues, de 42 anos, que mora em Altamira tempo suficiente para saber que algo está fora do eixo. Como ela, outros milhares de altamirenses preferem a reclusão em seus lares, tudo para evitar que sejam vítimas de um crime qualquer.
Com um cenário maligno, onde o mais provável é que você seja a próxima vítima, Altamira tem sido notícia constante no cenário estadual, e até nacional, por conta do crescente número de assassinatos, e casos envolvendo o tráfico de drogas. Uma onda de violência que assusta, e põe em cheque um sistema que chegou ao seu limite. “As pessoas estão cansadas, sufocadas, não sabem mais a quem recorrer, e isso precisa parar, nossa cidade precisa voltar a ser nossa de novo”, declarou a estudante Aline Silva Ramos, de 21 anos, durante a “Caminhada Pela Paz”, que aconteceu em Altamira no último mês de outubro.
Em menos de 15 dias, dois crimes bárbaros assustaram a cidade. Uma família foi vítima de quatro criminosos, que invadiram sua casa na periferia de Altamira, e após anunciarem o assalto, estupraram uma mulher na frente do marido e dos filhos. O crime causou muita revolta na população, que se mobilizou e organizou uma caminhada pelas ruas da cidade, clamando por justiça e mais segurança. Mas antes mesmo que as pessoas tomassem as ruas, um novo crime causou comoção: o secretário de meio ambiente da cidade foi assassinado a tiros quando chegava em sua  casa, e, apesar dos esforços da polícia, até agora ninguém foi preso.

O número de roubos aumentou cerca de 80% no último ano em Altamira. Em 2015, no mês de junho, foram registradas 127 ocorrências. Em 2016, no mesmo período, foram 227 registros do gênero. Os dados divulgados pela Polícia Civil do Estado mostram o avanço de um dos crimes mais comuns na cidade. “Eu cheguei em casa depois de um dia de trabalho, e quando abria o portão, lá estavam eles, dois homens, armados, exigindo minha moto, eu nunca senti tanto medo”, lembrou o mecânico Augusto Corrêa da Costa.
Sofrendo os danos causados pela ressaca da construção da Usina Hidrelétrica Belo Monte, Altamira recebeu o maior número de migrantes, e hoje sofre com os mais variados conflitos sociais. Para piorar a situação, o convênio mantido pela empresa Norte Energia (responsável pela construção e operação da usina) e o governo do estado foi encerrado, causando uma avalanche de mudanças significativas na estrutura dos órgãos de segurança pública: o efetivo policial foi reduzido pela metade; as viaturas mantidas pela empresa foram devolvidas às locadoras; o helicóptero comprado com recursos da usina ainda não foi entregue à região, e falta material humano para a polícia, os Bombeiros, e o Instituto Médico Legal.
Diante do caos instalado, a sociedade civil organizada foi para as ruas pedir providencias, e cobrar mais ação por parte da secretaria de segurança. Uma audiência pública foi solicitada, mas a resposta do estado ainda não chegou. Preocupado com a demora em atender as reivindicações da população local, o vereador Victor Conde (PMDB) buscou apoio na Assembleia Legislativa do Estado, e conseguiu uma audiência com o secretário Jeannot Jansen. “Eu fui até o governo, eu tinha que ir lá, eu me comprometi com a população, e não posso deixar que o povo continue sem uma resposta”, destacou o vereador.
Durante a reunião, o parlamentar pediu urgência no tratamento de alguns assuntos, principalmente no que diz respeito ao policiamento, que deixou as ruas da cidade sem a proteção necessária. Para amenizar a situação, o vereador conseguiu que veículos do moto-patrulhamento sejam recuperados, devolvendo a mobilidade aos policiais. Outra vitória diz respeito à realização de uma audiência pública até o final de novembro, onde o secretário apresentará um plano de contingência para minimizar os impactos provocados pelo fim do convênio.
Sem gravar entrevista, o secretário recebeu as demandas levadas pelo vereador de Altamira, e se mostrou disposto a sentar novamente para discutir o assunto, mas agora, em Altamira, onde a população também deverá ser ouvida. “Eu considero vitórias importantes o que conseguimos com essa reunião, o compromisso firmado será cobrado, e hoje, mais do que nunca, estamos unidos para que nossa cidade volte a ser o que era antes, e nossa população tenha paz novamente”, afirmou o vereador Victor Conde.

Por: Karina Pinto
Fonte: O Xingu

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