Para Itamaraty,
medida não incentivaria países compradores a seguir poluindo; para ONGs,
desencorajaria proteção FOLHA,
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| Participante da conferência do clima protesta por mais energias renováveis |
Uma das propostas
da diplomacia brasileira na Conferência do Clima da ONU, a COP-22, para
implementar o Acordo de Paris está causando desespero nas organizações
ambientalistas no país.
O governo não quer
que os projetos de combate ao desmatamento no país gerem créditos de carbono,
que poderiam ser comprados por outros países que não fizeram o suficiente
dentro de casa.
O mercado foi
criado no Protocolo de Kyoto e permite que os países possam bater suas metas
pagando pelos esforços feitos em países em desenvolvimento. Na época, só os
países ricos tinham metas. Agora, com o Acordo de Paris, todos têm suas metas,
definidas nacionalmente, e qualquer país poderá comprar ou vender créditos de
O
que é
É um mecanismo da
Convenção do Clima da ONU que fornece incentivos financeiros para que os países
em desenvolvimento conservem suas florestas carbono.
Para a
regulamentação do mercado de carbono dentro do novo acordo climático, o Brasil
propõe que as políticas de combate ao desmate não entrem no rol de atividades
aptas a vender créditos.
Para ONGs que atuam
no setor, a medida prejudica a proteção florestal no país ao tirar incentivos
financeiros.
Para o governo, a
injustiça é outra: o uso da preservação de florestas serviria como subterfúgio
para que países ricos continuem emitindo.
Também há um
argumento científico por trás do critério brasileiro de excluir as florestas
Como
funciona
O país apresenta
sua projeção sobre as emissões de carbono devido ao desmatamento e o quanto
pretende reduzir. Se as políticas forem efetivas, ele recebe uma recompensa dos
créditos de carbono. Thelma Krug, matemática que ocupa umas das
vicepresidências do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU,
explica que o critério evita uma inversão de responsabilidades sobre as
mudanças do clima.
“Dado que as
maiores emissões de gases de efeito estufa estão historicamente relacionadas à
queima de combustíveis fósseis, e não ao desmatamento e ao uso da terra, é no
setor energético que devem se concentrar os esforços para manter o aumento da
temperatura média global abaixo dos 2ºC”, diz,
Status
hoje
Falta regular o
mecanismo dentro do Acordo de Paris, definindo se ele integrará ou não o
mercado de carbono. No Brasil, falta a implementação das políticas reforçando
que a proteção florestal está condicionada à redução de emissões.
A distinção nas
posições das ONGs brasileiras e do governo que negocia nas conferências climáticas
gerou atrito em Marrakech, onde acontece a conferência.
Na segunda-feira, o
debate tomou conta de uma reunião que ministros e diplomatas normalmente
convocam para discutir sobre o avanço das negociações com todos os membros da
delegação – incluindo membros dos ministérios do Meio Ambiente, das Relações
Exteriores e da Agricultura, parlamentares, empresários e representares da
sociedade civil.
O senador Jorge
Viana (PTAC) leu um documento, com assinatura de oito parlamentares e 14
organizações ambientais (como SOS Mata Atlântica e Imazon), que apela para que
o governo reveja a proposta que traz à COP-22.
O Instituto de
Pesquisas da Amazônia (Ipam) é um dos signatários do apelo e pioneiro na
formulação de políticas que recompensam o sucesso no combate ao desmate, que
viria a se chamar Redd (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação).
Para o diretor-executivo do Ipam, André Guimarães, faltou diálogo na formulação
da proposta brasileira.
Fontes do governo
contam que o espaço para esse debate estava estabelecido desde março, com a
criação da Comissão Nacional para Redd, mas as ONGs relataram surpresa ao se
deparar com a proposta do Itamaraty para a COP-22, que não teria sido discutida
no país.
Como o Acordo de
Paris tem até 2018 para ser regulamentado, não há a expectativa de que esse
critério seja definido ainda em Marrakech.
Um grupo de
cientistas chineses tornou-se o primeiro a injetar, em um ser humano, células
que contêm genes editados com a técnica CRISPR (pronuncia-se “crísper”),
segundo a revista científica inglesa “Nature”. O paciente tem câncer de pulmão.
Esse sistema de
edição de DNA é mais simples e preciso que os métodos tradicionais de
manipulação do genoma e, por isso, se transformou na grande vedete das
principais publicações científicas recentes.
No dia 28 de
outubro, uma equipe da Universidade Sichuan, em Chengdu, fez a aplicação das
células modificadas em um paciente com câncer de pulmão agressivo como parte do
teste clínico no Hospital West China.
Os pesquisadores
primeiro removeram as células de defesa do sangue do paciente e então
desligaram um gene nelas usando o CRISPR. A técnica usa uma enzima que funciona
como tesoura molecular, cortando o DNA. Um pequeno trecho de RNA (molécula
“prima” do DNA) serve como guia, identificando onde o corte preciso tem que ser
feito.
Os genes desligados
fabricam a proteína PD-1, que normalmente freia a resposta imune da célula ao
tumor, que por sua vez se aproveita dessa função para crescer.
A equipe chinesa
então expandiu o número dessas células modificadas e as injetou novamente no
paciente, que tem metástase de câncer de pulmão. A esperança é que, sem a
proteína PD-1, as células editadas vão atacar e vencer o câncer.
O oncologista Lu
You, que liderou o trabalho, afirmou à revista “Nature” que o tratamento
ocorreu bem e que o paciente deve receber uma segunda injeção. A equipe planeja
tratar dez pacientes, que receberão entre duas e quatro infusões das células.
Eles serão monitorados por pelo menos seis meses para avaliação de efeitos
colaterais. MAIS ESTUDOS Outros estudos que usaram células editadas com uma
técnica diferente já haviam animado os pesquisadores. O uso do CRISPR
provavelmente vai acelerar a corrida para usar células editadas em ensaios
clínicos pelo mundo, segundo Carl June, especialista em imunoterapia da
Universidade da Pensilvânia.
June também é
consultor de um estudo americano que vai usar o CRISPR para selecionar três
genes nas células dos voluntários, com o objetivo de tratar vários tipos de
câncer. Ele espera que a pesquisa comece em 2017. No mesmo ano, outro grupo
chinês espera começar três ensaios clínicos usando a técnica contra tumores de
bexiga, próstata e rim.
Naiyer Rizvi, da
Universidade Columbia, em Nova York, diz que a tecnologia é promissora, mas
questiona o sucesso do estudo chinês, considerando que a técnica não é muito
escalável, por ser personalizada. Ele duvida que o tratamento será superior ao
dos novos imunoterápicos, que já usam como alvo a proteína PD-1 e têm obtido
excelentes resultados.
Fonte: Folha de São Paulo

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