A
castanha-do-Brasil extraída nas reservas extrativistas (Resex) Rio Iriri, Rio
Xingu e Riozinho do Anfrísio, todas localizadas na região conhecida como Terra
do Meio (PA), conta agora com o selo Origens Brasil.
A
iniciativa, lançada em março pela ONG Imaflora Brasil, visa dar mais
transparência às cadeias de produtos da floresta, assegurando sua origem e
ajudando o consumidor a identificar empresas que valorizam e respeitam, em suas
práticas, territórios de diversidade socioambiental, como é o caso da Terra do
Meio.
Nas
três reservas extrativistas, cerca de 250 famílias estão envolvidas na coleta
de castanha, organizadas em cada uma das unidades por associações de moradores.
As famílias também trabalham com a produção das farinhas de coco babaçu e de
mandioca, óleos de babaçu e de copaíba e extração sustentável da borracha.
Pioneiro
O
Xingu é o primeiro local a receber a certificação, mas a iniciativa será
ampliada, em breve, para outros territórios no Brasil. Segundo o Imaflora,
responsável pelo selo, a escolha deu-se pela dimensão e importância do
território, cujo corredor tem 26 milhões de hectares de áreas protegidas, que
vão do Mato Grosso ao Pará, abarcando os biomas Amazônia e Cerrado. A região
abriga populações extrativistas e povos indígenas que falam 27 idiomas.
“Como
é muito comum que populações urbanas desconheçam a origem dos alimentos e
produtos utilizados por elas, o selo funciona como uma importante ferramenta
para divulgar e apresentar a origem dos produtos que são extraídos de maneira
sustentável e comercializados de forma justa pelas populações tradicionais. O
selo também objetiva apresentar a riqueza que a floresta em pé possui e das
populações tradicionais ali existentes, suas atividades e parte de sua cultura,
as quais, muitas vezes são esquecidas e negligenciadas”, ressaltou Rafael
Barboza, chefe da Resex Riozinho do Anfrísio.
Como funciona
O
selo Origens Brasil funciona por meio de uma plataforma digital que
disponibiliza informações alimentadas pelos produtores locais. No produto
industrializado, a marca Origens Brasil é fundida com o código do QR Code, que,
uma vez decodificado com o auxílio de um celular, remete o consumidor ao local
de origem da matéria-prima e disponibiliza informações sobre os produtores
(nome, idade, fotografia), a cultura dos povos e o território de origem.
Para
chegar a essa ferramenta, foram realizados treinamentos, desde 2014, tanto com
as populações do Xingu quanto com as instituições de apoio para se cadastrarem
e operarem a plataforma, concebida para ser colaborativa e acessível a todos os
elos da cadeia. Também é possível conhecer o material em
www.origensbrasil.org.br, digitando 5020 para se aprofundar nas informações da
castanha.
Parcerias com
empresas
Atualmente,
parte da produção de castanha-do-Brasil coletada nas três reservas
extrativistas é comercializada para a empresa Wickbold, fabricante de pães. A
iniciativa também já ganhou a adesão do Grupo Pão de Açúcar (Programa Caras do
Brasil), da Firmenich (aromas e fragrâncias) e da Mercur (borracha).
“Esse
trabalho vem promovendo parcerias comerciais diferenciadas no território, que
se traduzem em garantia de compra, contratos de longo prazo, transferência de
tecnologia, pagamento de preço justo, redução de atravessadores e negociação
direta com as populações”, pontuou Patrícia Gomes, do Imaflora. CMBIO.
Fonte: O Xingu
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