O
Ministério Público Federal do Pará (MPF/PA) denunciou pela segunda vez à
Justiça o pecuarista Antônio José Junqueira Vilela Filho e outras dez pessoas
que faziam parte do esquema criminoso de grilagem de terras, desmatamento
ilegal, falsidade ideológica, frustração de direitos trabalhistas e trabalho
escravo na Amazônia. A quadrilha já responde a outro processo, iniciado em
agosto, por crimes de trabalho escravo praticado contra onze trabalhadores.
Agora, Aj Vilela e seus associados foram denunciados pelos crimes na fazenda
Triângulo/Curuá, em Altamira.
O
cunhado e as duas irmãs de AJ Vilela, Ricardo Viacava, Ana Luiza Vilela Viacava
e Ana Paula Junqueira Vilela eram sócios da fazenda e receberam grandes somas
de dinheiro em negociações da terra grilada e com a venda de gado criado em
áreas desmatadas ilegalmente. A fazenda Triângulo/Curuá havia sido embargada
por desmatamento ilegal pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) em
2013 e AJ Vilela dividiu a área criando uma segunda fazenda, chamada de
Jatobá/Bela Vista. Essa segunda fazenda teve uma parte vendida por R$ 5 milhões
e outra, dentro do perímetro embargado, colocada em nome de um laranja, Douglas
Dalberto Naves, denunciado pelo MPF.
Depois
de vendida, de acordo com informações da Receita Federal e do Ibama, o local
foi novamente palco de desmatamentos ilegais. “Após a fiscalização da Ibama, AJ
Vilela fez a cuidadosa divisão da Fazenda Triângulo/Curuá em duas partes, com o
objetivo de separar a área fiscalizada da que não foi, vendendo esta última a
um terceiro e transferindo a área fiscalizada a um laranja”, diz a denúncia
oferecida pelo MPF. A fiscalização do Ibama voltou à fazenda em 2015 e
encontrou queimadas, desmatamento ilegal e um acampamento com trabalhadores em
condição análoga a escravidão.
O
acampamento era feito à base de lona plástica com cobertura de palha e áreas
destinadas a dormitório sem portas, resultando na ausência de proteção contra
intempéries climáticas ou ataques de animais peçonhentos e selvagens. “Foi
constatado ainda ausência de banheiro no local e inexistência de água potável
para consumo dos empregados, que bebiam água de um poço. O alojamento não
possuía condições sanitárias mínimas. Nenhum dos trabalhadores identificados
estava com sua carteira de trabalho assinada”, diz a denúncia do MPF.
Antônio
José Junqueira Vilela Filho, Ricardo Viacava, Ana Luiza Vilela Viacava e Ana
Paula Junqueira Vilela Carneiro são acusados de comandar e movimentar o
dinheiro do esquema de grilagem e venda de gado de área embargada. Rodrigo
Siqueira Pereto atuava como gerente das fazendas griladas e Olívio Bertoldo
Bachmann era o responsável por contratar os trabalhadores encontrados em
condição análoga a da escravidão.
Narciso
Lidio Pereira Mascarenhas, que comprou a área grilada da família Vilela, foi
denunciado por crimes ambientais e invasão de terras públicas. Fábio Barbosa de
Oliveira Lima é acusado de falsidade ideológica no esquema. Douglas Dalberto
Naves e Mariano Barros de Morais funcionavam como laranjas da família Vilela e
Edson Mariano da Silva era responsável por elaborar os Cadastros Ambientais
Rurais fraudulentos das terras griladas.
Os
denunciados são acusados por crimes de falsidade ideológica, frustração de
direito trabalhista, redução à condição análoga a de escravo, crimes contra o
meio ambiente e invasão de terras públicas federais. AJ Vilela, o pecuarista
que dirigia o esquema responde a duas denúncias criminais resultantes da
operação, teve R$ 420 milhões bloqueados e foi multado em mais de R$ 200
milhões pelo Ibama. Ele ainda teve uma segunda ordem de prisão decretada
porque, durante as escutas da operação, foram encontradas provas do
envolvimento dele na tentativa de homicídio de uma trabalhadora rural no
interior de São Paulo, levando o Ministério Público paulista a denunciá-lo.
Fonte: MPF
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