Foto: Diogo Almeida/G1 |
Um amigo do
suspeito de matar uma família na Espanha foi preso em João Pessoa
nesta sexta-feira (28). Marvim Henriques Correia, estudante de 18 anos,
participou indiretamente do caso, segundo informações da Secretaria de
Segurança e Defesa Social (Seds) da Paraíba. Com o suspeito, a polícia
apreendeu um CPU, que foi apresentado como uma das evidências do caso.
François Patrick
Gouveia confessou ter matado o casal de paraibanos Marcos Nogueira e
Janaína Américo e os dois filhos deles, de 1 e 4 anos. Marvim teria dado
dicas para Patrick via internet sobre como proceder no crime e os dois jovens
chegaram a se encontrar duas vezes após a morte da família na Espanha. A
informação é do delegado de homicídios de João Pessoa, Reinaldo Nóbrega.
Segundo o advogado
de Marvim, Sheyner Asfora, ainda não há como concluir que o jovem teve
participação efetiva na morte dos paraibanos na Espanha. Ainda segundo a
polícia, o jovem não pode ser extraditado, por isso deve responder pelo crime
no Brasil. Ele deve participar de uma audiência de custódia na segunda-feira
(31).
A polícia cumpriu
os mandados de busca e prisão no início da manhã desta sexta-feira na casa de
Marvim, no Jardim Oceania, e apreendeu o CPU, o passaporte do jovem e um livro
que conta a história personagens conhecidos historicamente pela perversão. O
material foi enviado para a Espanha para ser incorporados à investigação da
Guarda Civil.
Segundo os
delegados, Marvim disse não ter dimensão da gravidade de seu envolvimento
no crime, se mostrou arrependido e triste com a situação, mas colaborou
esclarecendo alguns pontos. “Ele disse que não sabia que Patrick tinha capacidade
de fazer isso”, disse Reinaldo.
Reconstituição
na Espanha
Impedido de participar diretamente da reconstituição, Walfran acompanhou o
processo do lado de fora do chalé, em Pioz, na província espanhola de
Guadalajara. “Ele [Patrick] não mostra nenhum tipo de arrependimento, ele está
super calado, frio. Em todos os depoimentos dele, é centrado, tranquilo. E isso
até assusta a polícia pelo fato de ele não mostrar remorso”, declarou.
Patrick, sobrinho
de Marcos Nogueira, se entregou voluntariamente à polícia espanhola no dia
19 de outubro e confessou o crime dois dias depois. Ele segue detido.
Segundo Walfran,
durante a reconstituição, Patrick repetiu o que já havia dito em depoimento à
Guarda Civil, a polícia federal da Espanha. “Ele não conta como matou as
crianças, ele diz que esqueceu de como fez o ato com as crianças. E ele conta
também que, antes de matar meu irmão, ele esperou meu irmão chegar e ficou
conversando com ele 30 minutos lá no jardim da casa, na piscina, e, ao entrar
na casa, ele disse que meu irmão virou pra ele e, automaticamente, ele atacou
com uma facada. Já tinha matado as duas crianças e a mulher, Janaína”, relatou.
Antes de voltar ao
Brasil, o irmão de Marcos explicou que teve acesso às informações da
investigação que estão em segredo de justiça. “Tive acesso às fotos, que
mostram a brutalidade que fizeram com minha família”, comentou.
Sobre uma provável
alegação de insanidade mental de Patrick, Walfan disse que é natural haver um
argumento da defesa. “Ele tem que se defender. Mas, vai ser examinado pelos
médicos e peritos e ver se realmente ele tem isso mesmo. Acho difícil ele
escapar dessa porque o crime chocou muito aqui na Espanha e o povo está
querendo justiça”, declarou.
Relembre
o caso
Os corpos de Janaína, Marcos e das duas crianças foram achados esquartejados em
uma casa na cidade espanhola de Pioz em setembro, depois que um vizinho alertou
sobre o mal cheiro perto da casa da família.
Após o início das
investigações, a Justiça emitiu uma ordem de prisão europeia e internacional
contra Patrick, mas até então o suspeito ainda não havia recebido nenhuma
notificação sobre o mandado de prisão no Brasil.
Ele resolveu se
entregar após o advogado dele, Eduardo de Araújo, voltar para o Brasil e
explicar à família os detalhes do processo. O advogado informou que
Patrick acredita poder se defender melhor das acusações na Espanha.
O advogado disse
que ficou surpreso ao saber da confissão, uma vez que enquanto estava no
Brasil, Patrick negava ter cometido o crime. “Foi algo que surpreendeu, na
verdade, porque o Patrick volta para a Espanha alegando que precisaria estar lá
porque teria melhores condições de apresentar suas versões do fato e se
defender de suas acusações. Aqui, ele insistiu em sua inocência”, disse.
Julgamento
Na sexta-feira (21), a promotora-chefe de Guadalajara, Dolores Guiard, informou
à agência EFE que pediu a prisão provisória de Patrick “pela gravidade dos
fatos e a ausência de firmeza no país”, para assegurar assim a permanência dele
na Espanha.
Sobre as possíveis
penas, a promotora-chefe disse que o Código Penal estabelece que os assassinatos
de crianças menores de 16 anos são penalizados com prisão perpétua, que pode
ser revisada depois de um tempo.
As informações são
do G1 Paraíba.
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