O
Ministério Público Federal (MPF) intermediou um encontro entre os
desembargadores do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1)
Souza Prudente e Jirair Menguerian e líderes da etnia indígena
Kaiapó. O objetivo da reunião, que aconteceu em 27 de abril, foi
esclarecer os desembargadores responsáveis pelos processos
envolvendo a Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, e outros
empreendimentos.
Os
Kaiapós agradeceram a atuação dos magistrados, principalmente, a
última atuação do desembargador Jirair Menguerian que possibilitou
a suspensão da licença de operação de Belo Monte até que seja
cumprida a condicionante de saneamento básico prevista no projeto
inicial. Eles também expuseram as dificuldades que vêm enfrentando
com a instalação da Usina no Xingu e pediram que não sejam mais
feitas obras desse tipo na região.
“A
situação dos parentes que estão nas aldeias perto de Belo Monte é
precária. A Usina já se instalou, mas não está cumprindo o que
foi prometido enquanto estava em construção, e não quero que seja
feita mais uma usina dentro do Xingu. Peço que vocês conversem com
outros desembargadores para não construir mais usinas dentro do
Xingu”, explicou o cacique Mundico, representante da aldeia
Kokraimoro. “Em qualquer julgamento nós devíamos ser consultados
e avisados quando houver julgamentos de Belo Monte. Nós queremos ser
ouvidos antes dos julgamentos”, acrescentou.
Durante
o encontro, cacique Raoni Metuktire, entregou ao desembargador Jirair
Menguerian os três processos de Belo Monte que estão sob a
responsabilidade dele. “Eu desejo que tenha força no que você
fará em relação a Belo Monte”, falou o cacique ao entregar os
documentos.
Já
o cacique Karangré, representante do povo Xinkrin, alertou que “Nós
estamos apanhando, mas não queremos apanhar mais. Não nos enganam
mais de jeito nenhum. Acabou. Não aceitamos mais outra usina em
nossa terra”, enfatizou.
O
desembargador Souza Prudente analisou o encontro como um ato de
cidadania. “A presença desses caciques ilustres, sobretudo
liderados pelo cacique Raoni, nesse encontro no TRF1 é um ato de
reconhecimento da importância desse Tribunal para decidir as causas
do interesse coletivo dos povos amazônicos e nós sabemos que essas
comunidades indígenas têm batalhado de forma heroica para preservar
a floresta, os rios e a biodiversidade amazônica. Os interesses
amazônicos não interessam apenas aos índios e aos habitantes da
Amazônia, mas interessa a toda a humanidade, às gerações
presentes, mas também às gerações futuras”, explicou o
desembargador.
Por: Assessoria
de Comunicação Social
Fonte:Ministério
Público Federal
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