O
processo que investiga as mortes dos 10 trabalhadores na fazenda
Santa Lúcia está na fase de instrução. É nesta etapa que novos
depoimentos são tomados.
Esta
semana, a chacina de Pau D’Arco completa um ano e muitos detalhes
ainda estão sendo esclarecidos, agora pela Justiça. O processo que
investiga as mortes dos 10 trabalhadores na fazenda Santa Lúcia,
localizada no município de Pau D’arco, no sudeste do Pará, está
na fase de instrução. É nesta etapa que novos depoimentos são
tomados.
Durante
as três semanas de audiências foram ouvidas as testemunhas de
defesa, de acusação e os 17 policiais acusados. Os sobreviventes
reafirmaram nesse depoimento que os policiais chegaram atirando no
acampamento e que então correram para dentro do mato para se
proteger. Mas foram perseguidos pelos policiais e 10 deles foram
executados sem chance de se defender.
“Eu
só escutava muito tiro. E eles ainda falavam assim: quem correr
morre”, diz uma testemunha.
Dos
17 policiais acusados, apenas oito falaram. Os demais usaram o
direito ao silêncio e negaram as acusações. A operação foi
chefiada pelo delegado da Delegacia de Conflitos Agrários de
Redenção. Ele fez delação premiada e, em depoimento, deu a versão
dele do que teria ocorrido na fazenda:
“O
coronel disse que ia verificar essa mata lá. Ai, quando chego lá,
nesse local, de longe eu observei que tinha alguém no chão, né.
Ai, quando eu fui me aproximando mais, eu percebi que era uma mulher.
Perto dela tinha umas armas. Quando eu olhei, lá dentro tinha mais
pessoas no chão. Perguntei se tinha acontecido algum confronto, ai
ele falou que sim. Fui lá perto onde tava o coronel, ai ele falou
algo nesse sentido, de que tinha que ser uma história só, porque
aquilo ali iria dar problema, uma repercussão. E ai falou,
inclusive, que não poderia tirar foto”.
Após
chacina, sobreviventes, trabalhadores rurais e parentes das vítimas
realizaram um ato em protesto contra a violência no campo.
Na
segunda semana de audiências, foram ouvidas 79 testemunhas da
defesa, que falaram bem da conduta profissional dos policiais
acusados. Após as audiências, os policiais voltaram para o quartel
da Polícia Militar de Redenção, de Conceição do Araguaia e
Belém, locais onde permanecem presos.
Agora,
defesa e acusação terão dois meses ao todo para apresentar ao juiz
do caso as alegações sobre tudo que ouviram no Fórum. Caberá
então ao juiz enviar ou não os réus para o tribunal do júri.
“É
complicado você imaginar que uma operação desse porte organizada
em 30 a 40 minutos pudesse ter algum êxito. O êxito aparente que
houve foi negativo, uma chacina. O que foi produzido aqui em juízo
corrobora com todas as provas técnicas e testemunhais produzidas
anteriormente”, disse o promotor público Leonardo Caldas.
Por:
G1 PA, Belém
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