Fonte: Agência Pará |
Quatro crianças do município de Melgaço morreram
com suspeita de raiva humana. Equipes da Secretaria de Estado de Saúde Pública
do Pará (Sespa) e Ministério da Saúde se deslocaram à cidade para investigar.
Ainda não há confirmação laboratorial referente ao que teria ocorrido aos pacientes,
informa a Sespa, mas os sintomas e indícios, seguidos de mortes, são
indicativos da doença.
Houve exame do líquido cefalorraquidiano (LCR) para
o diagnóstico de patologias neurológicas e infecciosas de quatro pacientes,
todos com resultados inespecíficos. Também foi feita a coleta de soro para
detectar meningite, além da raiva. As amostras ainda estão sendo processadas no
Instituto Pasteur, em São Paulo, e no Instituto Evandro Chagas, em Belém, mas
há alguns dias a população vem sendo aterrorizada nas redes sociais digitais
com rumores sobre a raiva humana. Por alguns dias, a suspeita era de um surto
de meningite ou encefalite
A Sespa foi notificada pela secretaria de saúde do
município no dia 4 deste mês. O levantamento inicialmente aponta dez casos
suspeitos. Todos são residentes na localidade de Rio Laguna, a 70 km da sede de
Melgaço. Destes, dois pacientes estão internados no hospital da Fundação Santa
Casa de Misericórdia, em Belém. São duas crianças, um de oito e outra de nove
anos, ambas em estado grave. Há também um paciente no Hospital Regional de
Breves e três no Hospital Municipal de Melgaço.
Todas as quatro crianças que morreram apresentam
quadro semelhante: febre, dispneia, cefaleia, dor abdominal e sinais
neurológicos, como paralisia flácida ascendente, convulsão, disfagia,
desorientação, hidrofobia e hiperacusia.
Atualmente, as equipes de saúde pública estão
analisando prontuários e entrevistando familiares nas localidades de
residência. Foram estabelecidos fluxos e protocolos para o manejo e referência
dos pacientes, coleta e diagnóstico de investigação de doenças, com
envolvimento da Vigilância em Saúde da Sespa, Ministério da Saúde, Santa Casa
de Misericórdia do Pará, Hospital Municipal de Melgaço, Hospital Municipal de
Breves, Laboratório Central do Estado (Lacen-PA) , Instituto Evandro Chagas,
Hospital Barros Barreto e 8º CRS.
A Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará
(Adepará) informou que Melgaço não tem histórico de casos de raiva humana.
Equipes da instituição estão em campo, na região do Marajó, para controlar a
população de morcegos hematófagos - os chamados morcegos vampiros, que se
alimentam de sangue, atacam animais nas propriedades rurais e podem ser
potenciais transmissores de raiva.
Entre as medidas tomadas pela Adepará estão a
captura de morcegos e o deslocamento de técnicos para áreas com foco de vetores
e doença, para vacinação. A agência também iniciou uma série de ações de
educação sanitária com produtores rurais, moradores e servidores de órgãos
públicos de Melgaço. O objetivo é alertar para a importância de informar à
Agência e à Vigilância Sanitária qualquer suspeita da doença e ataques de
morcegos a animais e seres humanos.
VÍRUS
A raiva é uma doença infecciosa aguda, causada por
um vírus que contamina o homem e outros mamíferos. A transmissão ocorre,
principalmente, por mordida de animais infectados, mas basta contato com a
saliva ou sangue do animal para haver contaminação. Há vacinas para prevenir e
também tratamento. Mas a partir da apresentação dos sintomas, a pessoa doente
morre rapidamente.
Nos casos de ataque ao ser humano, a orientação é
procurar imediatamente assistência médica em uma unidade do Sistema Único de
Saúde (SUS). O médico deve avaliar se há necessidade ou não de medidas de
profilaxia. A vacinação contra a raiva é importante para a prevenção da doença
em animais e seres humanos.
Por parte da Sespa, ainda está sendo feita a
liberação de vacina e soro antirrábicos humanos e vacina antirrábica animal,
assim como material para controle seletivo de morcegos (quirópteros). Técnicos
da Sespa e do Ministério da Saúde também fazem a investigação ecoepidemiológica,
organização, planejamento e execução das ações necessárias.
Fonte: O Liberal
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