Coletiva de imprensa em Santarém |
De
acordo com Walmero Costa, coordenador de operações do Detran, as apurações
internas já indicavam a suspeita de irregularidades e o envolvimento de
servidores. "As investigações de cunho interno, da questão administrativa,
vieram de um procedimento correicional. No entanto, atentando para uma diretriz
do Governo do Estado, que versa sobre a questão da moralidade administrativa,
da ética e do trato com a questão pública com eficiência, houve a necessidade de fazer uma ação integrada, em
conjunto com as demais autoridades do Estado, nesse caso a Polícia Civil",
explica o coordenador.
INVESTIGAÇÃO Iniciada em 2015, a
investigação constatou graves ilícitos, dentre os quais, a emissão de CNH's,
sem que os candidatos realizassem as etapas correspondentes, e, também, um
esquema envolvendo a empresa terceirizada, responsável pela retenção dos
veículos apreendidos, conforme detalhou o delegado Fernando Rocha, do Núcleo de
Inteligência da Polícia Civil. "Foi possível constatar outras fraudes,
dentre elas, a questão do pátio de retenção. Veículos eram apreendidos de
maneira irregular e, pior ainda, veículos apreendidos eram vendidos a
terceiros, sem que o dono soubesse. Por vezes, eles apreendiam esses veículos
aplicavam multas muito altas, para que a pessoa desistisse de retirar o veículo
do pátio e aí de maneira fraudulenta eram revendidos", informou.
De
acordo com a investigação havia um rito para se chegar, por exemplo, à emissão
de CNH's. "Tinham pessoas responsáveis por aliciar o candidato, ofereciam
essa facilidade em troca de dinheiro, tinham servidores (do Detran) que
inseriam os resultados dos exames, sem que a pessoa fosse até o órgão realizar.
No outro esquema você tinha despachantes e aliciadores que viam os carros
apreendidos, procuravam compradores ou então era cobrado um valor ilegal da
pessoa que ia retirar seu carro", completa.
Uma
das consequências diretas da investigação será o cancelamento das CNH's
emitidas de forma fraudulenta. "A partir do momento que a investigação
policial apontar que não houve cumprimento em relação aos procedimentos que a
lei determina, nós iremos fazer um processo administrativo interno para
suspensão e possível cassação das CNH's, retirando esse direito que ora foi
dado em um ato ilegal", confirmou o coordenador de Operações do Detran,
Walmero Costa.
Coletiva de imprensa na Delegacia Geral em Belém |
AVALIAÇÃO O delegado Silvio Maués,
responsável pela Diretoria de Polícia do Interior (DPI), avalia que o resultado
da investigação, até o presente momento, demonstra a preocupação e
responsabilidade do Estado em preservar o papel das instituições em servir ao
cidadão. "O Estado quando estabelece como uma de suas diretrizes o
enfrentamento a qualquer ato de corrupção que lese o interesse coletivo é a
prova cabal da responsabilidade que se tem. Então, o agente público, mais do que
qualquer outro, tem o dever para agir com lisura e honestidade para zelar pelo
erário público. Essa responsabilidade não pode ser de forma nenhuma
transgredida. É uma demonstração de todo comprometimento que tem o Governo do
Estado, através de suas instituições, em dar a sociedade uma resposta sobre o
trato correto com a coisa pública", reitera.
No
total, foram expedidos pela Justiça para cumprimento pela Polícia Civil na
operação, 35 mandados judiciais, dos quais 18 mandados de busca e apreensão e
17 mandados de prisão preventiva, destes 11 já expedidos e executados.
Dentre
os presos está um ex-diretor da Ciretran de Santarém, Claudiomar de Oliveira
Furtado; o atual gerente do pátio da empresa de leilões de veículos
apreendidos, Benedito Silva Lima, conhecido por "Bené"; o assessor
direto de Claudiomar, Márcio Roberto dos Santos Pimentel; os servidores
concursados Miguel Angelo Pereira Costa e Rosinaldo Ferreira dos Santos -
conhecido por Naldo, responsável pela aplicação de exames de direção -; o ex-prestador
de serviços para o Detran, Ivanildo Paulo Fonseca Pedroso; o despachante de
veículos e também de CNH's emitidas de forma fraudulenta, José Luiz Bentes da
Costa, conhecido por "Roberto" ou "Lucas"; a despachante de
veículos, Rosalba Henriques Vieira; o aliciador de candidatos, Jonnatha de Sá
Oliveira (conhecido por Jonas); o despachante de veículos, Waldeci Reis Lemos
Mota, conhecido por "Neca" e o ex-dono de auto escolas e aliciador,
Fabrício Rente dos Santos.
Todo
trabalho contou com apoio do Poder Judiciário e do Ministério Público de
Santarém e Itaituba. A operação foi realizada por policiais civis, sob o
comando do Núcleo de Inteligência Policial (NIP), sob direção do delegado
Fernando Rocha, e Núcleo de Apoio à Investigação (NAI Oeste), de Santarém, com
apoio da Diretoria de Polícia do Interior (DPI), tendo à frente do delegado
Sílvio Maués, da Superintendência da Polícia Civil na Região do Baixo Amazonas,
da Superintendência da Polícia Civil na Região do Tapajós e das Seccionais
Urbanas de Santarém e Itaituba.
Fonte: PC/PA
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