Foto: Elivaldo Pamplona / Arquivo O Liberal |
O fazendeiro Décio José Barroso
Nunes, conhecido como "Delsão" será julgado nesta quarta-feira (31),
em Belém. Ele é acusado de ser o mandante da morte do sindicalista José Dutra
da Costa, o "Dézinho", ocorrido em 21 de novembro de 2000, em Rondon
do Pará, município do sudeste paraense. Dezinho era líder do Sindicato dos
Trabalhadores Rurais de Rondon do Pará.
Essa é
a segunda vez que Décio Nunes senta no banco dos réus. Em 2014 ele foi
condenado a 12 anos de prisão, mas o júri foi anulado pelo Tribunal de Justiça
do Estado do Pará (TJPA), que determinou novo julgamento. Na época, o promotor
de Justiça Franklin Lobato Prado recorreu da sentença do fazendeiro, por
considerar que ficou abaixo do esperado pelo crime cometido. O TJPA acabou
anulando o júri.
Segundo
informações do Ministério Público do Pará (MPPA), a motivação do crime teria
sido a invasão de fazendas na região pelo MST (Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra). "Dezinho" participou da ocupação da fazenda
"Tulipa Negra", e a partir daí passou a ser ameaçado de morte pelo
denunciado, de acordo com o depoimento das testemunhas.
Outras
três pessoas acusadas de envolvimento no assassinato já foram julgadas.
Wellington de Jesus da Silva, preso logo após o crime, foi condenado a 27 anos
em regime fechado em 2006. Em outubro de 2013, Domínio de Souza Neto e Lourival
de Souza Costa foram julgados e absolvidos. Todos os julgamentos do caso foram
realizados em Belém.
O caso
do sindicalista foi levado ao Sistema Interamericanos de Direitos Humanos da
Organização dos Estados Americanos (OEA). Em dezembro de 2010, o governo
brasileiro assinou um acordo com a OEA assumindo sua responsabilidade pela
morte de "Dezinho" e se comprometendo a implantar diversas políticas
públicas relacionadas à luta pela reforma agrária e combate à violência no
campo.
Sindicalista
- Dezinho era presidente do
Sindicato dos Trabalhadores Rurais do município, e lutava pela desapropriação
de terras para a reforma agrária na região. Além disso, fazia denúncias
constantes de crimes cometidos por fazendeiros locais, incluindo desmatamento
ilegal, grilagem de terra e violações de direitos trabalhistas (prática de
trabalho escravo) nas madeireiras, serrarias e carvoarias da região. Segundo
entidades ligadas aos direitos humanos, ele foi morto por denunciar práticas de
trabalho escravo e apoiar famílias de sem-terras.
Fonte:Portal ORM
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