"Eu
expliquei aos meus filhos que não queria abandoná-los", disse uma mulher
ao site BBC News. "Mas não tenho como sustentá-los."
Ivan Duarte (O Liberal) / Marcelo Camargo (Agência Brasil) |
Esse
é o drama de muitas mães em um país rico em petróleo e que há alguns anos era
poderoso economicamente e distribuía empréstimos, apesar de nunca ter vencido o
problema da concentração de renda, por mais que tenha reduzido no período
chavista.
Após
o período de Hugo Chávez no poder (de 1999 a 2013, quando morreu), Nicolás
Maduro o substituiu ao vencer eleição realizada no mesmo ano. O sucessor
aplicou duras medidas econômicas que levaram o país a escassez de alimentos,
hiperinflação e colapso dos serviços públicos. Se Cháves possuía mais visão e
habilidade política, Maduro parece não conseguir nem manter, sem restrições,
aliados históricos ao seu lado.
O
país tem 17,5% de todo o petróleo mundial. É o maior produtor de óleo cru. Mas
não é simples analisar por que a Venezuela está nessa situação. A resposta é
múltipla. Há aspectos históricos de concentração de renda e dedicação somente à
indústria do petróleo – em uma época das oligarquias alinhadas aos interesses
de Washington -, há incompetência do governo atual, queda no valor da
commodity, embargo internacional...
Ivan Duarte (O Liberal) / Marcelo Camargo (Agência Brasil) |
Não
é só em Pacaraima, em Roraima, onde famílias vagam pelas ruas e ficam expostas
à caridade das pessoas e à assistência do governo. Em Belém é comum também ver
famílias empobrecidas, geralmente mulheres com duas ou três crianças, nos
sinais de trânsito, pedindo esmola. Também na Venezuela muitos pais abandonaram
as famílias à própria sorte. E muitas delas vieram ao Brasil.
A
situação é tão dramática, que as mulheres ainda grávidas decidem entregar o
filho na Venezuela.
Dados
oficiais mostram que 87% da população está em situação de pobreza, contra 48%
em 2014. A taxa de inflação, em torno de 1.000.000% (projeção do FMI) até o
final do ano, deteriora ainda mais a situação. Se a inflação no Brasil chegou a
atingir 5.000% ao ano, de julho de 1993 a junho de 1994, imagine viver em um
índice 200 vezes maior.
Cada
vez mais crianças têm ido parar nas ruas e mulheres entregam os filhos às
autoridades ou a famílias com posses. Uma história que impacta muito além do
país que luta contra oligarquias internas, interesses externos e incompetência
dos seus governantes.
Se
o Brasil tem seus problemas, não será por isso que deverá fechar os olhos para
a situação dos imigrantes. Pode-se condenar o governo venezuelano, mas não os
seus habitantes.
Por: Halmilton Braga
Fonte: PortalORM
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