O desmatamento desenfreado, as constantes queimadas e as áreas de pastagens, foram, durante anos, motivo de preocupação para o desenvolvimento agrícola sustentável do município de Vitória do Xingu, localizado na região Sudoeste do Pará. A junção desses fatores negativos, que contribuíram para a degradação e improdutividade do solo, começa a tomar rumos diferentes com a chegada de um projeto de recuperação de áreas degradadas. O secretário municipal de agricultura, José Pereira, declarou que essa é uma boa oportunidade para Vitória avançar na economia do campo e para o pequeno agricultor se reerguer em sua propriedade. “Essa é a primeira vez que Vitória do Xingu é contemplada com um projeto de mecanização acompanhado com um viveiro de mudas, e isso é um avanço muito grande porque nós sabemos que a nossa região já foi muito degradada. Esse projeto só vem enriquecer nosso município”, falou entusiasmado.
O projeto vem sendo executado graças à uma parceria do governo O Progresso é Para Todos com o Ideflor-Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará, PDSX-Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Xingu, Ceplac, Embrapa e várias secretarias municipais. “Graças a essa parceria da prefeitura estamos tendo subsídio para dar a esses agricultores mudas de frutas. Isso vai auxiliar na alimentação e na renda deles. As essências vão ser plantadas nas áreas de APP, nas áreas de preservação permanente que foram degradadas nos seus lotes e isso é muito importante para o meio ambiente devido à essa função que as essências florestais exercem ”, disse Darli Silva, secretário de meio ambiente e turismo.
Além da mecanização do solo, os agricultores recebem mudas frutíferas geneticamente melhoradas e de essências florestais bastante difundidas na região como o mogno africano. “Esse projeto é bem mais abrangente do que parece. Os agricultores também são instruídos sobre como trabalhar com a terra, com as espécies doadas e as formas adequadas de plantio. Eles recebem todo um aparato para trabalhar”, explicou o gerente do Ideflor unidade Xingu, Israel Alves.
Os primeiros a receberem as mudas de banana, açaí e cacau e também de essências florestais foram os pequenos agricultores da baixada 27. Uma comunidade que fica entre os sítios canais e Pimentel, onde está sendo construída a Hidrelétrica Belo Monte. As comunidades do ramal dos cocos e cobra choca também foram beneficiadas. A iniciativa trouxe esperanças para agricultores como José Carlos. “Agora eu sinto que vale a pena mexer com a terra porque tem um projeto, tem um tratamento adequado onde o seu trabalho tem qualidade. Eu só tenho a agradecer a prefeitura de Vitória do Xingu. Eu como agricultor que moro aqui há 14 anos tenho orgulho de ser de Vitória do Xingu”, declarou ele.
E também para o seu Isaias que já estava cansado de trabalhar com a terra e obter quase nada de retorno. “É uma vitória muito grande pra nós porque se conseguirmos formar uma lavoura vamos ter o desfrute dela, vamos ter o aproveito dela. O acompanhamento do técnico vai ajudar muito”, disse sorrindo.
De acordo com a agrônoma do Ideflor, Fernanda Morbach, as espécies frutíferas devem produzir dentro de 2 anos e os beneficiados vão continuar contando com o acompanhamento dos agrônomos em suas propriedades. O projeto atende no total 10 municípios da região da Transamazônica. São ao todo 300 hectares de áreas recuperadas. Em cada localidade 30 agricultores recebem em torno de 1.100 mudas de frutas e de essências florestais.
Por: Amália Queiroz
Nenhum comentário:
Postar um comentário