O
governo brasileiro decidiu adotar orientações internacionais e
recomendará, a partir de agora, apenas uma dose da vacina contra a
febre amarela durante toda a vida. As pessoas que já se vacinaram
quando eram bebê e têm a carteira com a comprovação, não
precisam mais tomar a dose chamada de “reforço”, após os 10
anos.
A
medida começa a valer neste mês e se adapta a estudos feitos pela
Organização Mundial da Saúde (OMS) que atestam a eficácia da dose
única, sem necessidade de complementação. Em 2014, a OMS já havia
recomendado a mudança, mas o Ministério da Saúde entendeu na época
que eram necessários mais estudos para adotar o protocolo.
“Quem
já tomou alguma dose, não precisa mais se vacinar”, garantiu o
ministro da Saúde, Ricardo Barros.
Fracionamento
O
governo anunciou também a decisão de contar com o fracionamento da
vacina para momentos de epidemia, medida que ainda não tem data para
implementação. O objetivo é conseguir imunizar maior número de
pessoas em casos emergenciais.
“A
dose fracionada não é diluição da vacina. Em vez de o vacinador
puxar para dentro da seringa 0,5 ml, ele vai colocar 0,1 ml. A
diluição da vacina continua a mesma. O que haverá é uma
diminuição do quantitativo de volume que será colocado na seringa
para fazer a vacinação nos locais que forem definidos”, informou
a coordenadora do Programa Nacional de Imunizações, Carla
Domingues.
De
acordo com Carla, caso a medida venha a ser adotada, um frasco com
cinco doses poderá vacinar até 25 pessoas. Embora a resposta seja a
mesma (as doses padrões causam o efeito desejado em 97% dos casos),
a duração da eficácia ainda não pode ser garantida.
Atualmente,
as pesquisas em andamento indicam que os cidadãos vacinados com a
dose fracionada ficam imunizados pelo período de até um ano. “Os
estudos vão continuar. Pode ser que se chegue à conclusão de que a
dose fracionada imuniza a pessoa pela vida toda ou garante durante
um, dois anos”, explicou o ministro.
No
ano passado, a medida foi tomada na República Democrática do Congo
para combater um surto urbano. Na ocasião, 7,8 milhões de pessoas
foram vacinadas após recomendações de especialistas da OMS.
Um
grupo de profissionais da rede pública de atenção básica será
treinado no Rio de Janeiro, na Bahia e em São Paulo, estados onde há
recomendação para que a vacina seja aplicada. O planejamento
envolve também a compra de até 20 milhões de seringas
especializadas na dosagem, que poderão ser doadas para outros tipos
de aplicação, como a insulina, caso não sejam usadas contra a
febre amarela.
“Nossos
dados atuais dizem que o fracionamento será evitável. Se você me
perguntar hoje, não [vamos utilizá-las]. Mas pode ser que amanhã
chegue algum resultado de exame, de avaliação, que determine
ampliar uma área de vacinação. Nós já colocamos centenas de
municípios em área de vacinação. Mas, se tivermos que colocar um
com muita população, eventualmente teremos que dispor do
fracionamento”, ponderou o ministro, ressaltando ainda que o
estoque de vacinas está assegurado para a demanda atual.
Desde
dezembro do ano passado, quase 2 mil casos de febre amarela foram
notificados em todo o país, dos quais 586 foram confirmados e
causaram 190 mortes. No mesmo período, cerca de 16,5 milhões de
doses da vacina foram aplicadas, e apenas 192 causaram reações
graves, como por exemplo a contaminação pelo vírus. Estes últimos
números, porém, ainda estão em investigação.
Fonte:
Agência Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário