Nesta terça-feira, 19, os secretários de Segurança
Pública e Defesa Social, Luiz Fernandes; de Justiça e Direitos Humanos, José
Acreano Brasil Junior; de Assistência Social, Heitor Pinheiro, além da
integrante do Comitê Gestor do Pro Paz, Izabela Jatene, e a delegada geral
adjunta da Polícia Civil, Christiane Lobato, aprestaram esclarecimentos sobre
as medidas que vêm sendo tomadas para combater o tráfico humano em Altamira
para fins de exploração sexual.
O caso começou a ser investigado pela Polícia
Civil, depois que uma adolescente conseguiu fugir de uma das boates, onde era
mantida em cárcere privado, e denunciou o crime ao conselho tutelar de
Altamira. Ao todo, 18 pessoas, entre mulheres, uma adolescente e um homossexual
foram vítimas de tráfico de pessoas. Apenas uma delas era do Pará, as demais
são oriundas de outros Estados. A delegada geral adjunta da Polícia Civil
destacou a importância da denúncia para combater a vulnerabilidade social em
locais de grandes obras, como o município de Altamira, onde está localizado o
canteiro da Usina Hidrelétrica de Belo Monte. “Mulheres vêm de outros estados,
com falsas promessas de que ganharão bastante dinheiro. A população pensa que,
por se tratar de prostituição, a mulher não é vitima de crime, o que é um erro,
por isso a importância de denunciar”, declarou.
Em depoimento à polícia, as vítimas denunciaram que
foram aliciadas nos estados de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul, onde
teriam recebido ofertas de emprego para trabalhar como profissionais do sexo em
Vitória do Xingu, recebendo em troca salários entre 10 e 14 mil reais, o que
não teria ocorrido.
Dois funcionários da boate foram presos e já estão
em Belém à disposição da Justiça. O proprietário do local, identificado como
Adão Rodrigues, já está com a prisão preventiva decretada, mais está foragido.
Doze vítimas, dentre elas a adolescente, já estão em Belém, sob proteção do
Estado, para em breve retornar às suas cidades. As outras quatro vítimas permanecem
em Altamira, por vontade própria.
Resposta
Nesses casos de tráfico de pessoas cabe ao Estado o
papel de investigação do crime, proteção e defesa das vítimas, o que foi feito
imediatamente, assim que o crime foi identificado. O secretário de Assistência
Social, Heitor Pinheiro, ressaltou que o Governo vem prestando assistência às
vítimas. “Essas mulheres têm o desejo de retornar para o seu estado natal, cabe
ao governo garantir que elas voltem em segurança e com seus direitos
garantidos. Temos ações permanentes para que casos como esse em Altamira não
voltem a acontecer, por isso vamos atuar de forma integrada com a Segup,
Sejudh, Pro Paz e Polícia Civil”, afirmou.
Desde o ano passado, os trabalhos de combate ao
tráfico de pessoas no Pará foram intensificados, com a criação da diretoria de
atendimento a Grupos Vulneráveis e do Plano Estadual de Enfrentamento ao
tráfico de pessoas. Nos últimos 12 meses, a polícia investigou 8 casos de
tráfico de pessoas e no mês de abril será inaugurada uma unidade do Pro Paz
Integrado em Altamira. Nos últimos três anos foram registrados 12 casos de
tráfico humano pela Polícia Civil, sendo três casos em 2011, sete em 2012 e no
ano de 2013 dois casos até o momento.
Outras medidas que serão tomadas é a ampliação do
trabalho no posto de fiscalização do Aeroporto Internacional de Belém, que vai
funcionar 24 horas; o fortalecimento da rede de enfrentamento, através de
articulações com o Governo Federal e Municipal; e a capacitação de
profissionais que trabalham no atendimento à mulher em situação de violência.
O secretário de Justiça e Direitos Humanos, José
Acreano Brasil Junior, afirmou que oito inquéritos policiais foram abertos nos
últimos 12 meses, além da instalação de uma Diretoria de Atendimento para casos
de Tráfico Humano no Estado. “É de fundamental importância trabalhar de maneira
integrada para combater esse crime que castiga todo o Estado do Pará. Vamos
continuar com as ações de repressão e capacitação para atender as vítimas desse
tipo de violência”.
Nova unidade
Uma unidade do Pro Paz Integrado será instalada em Altamira.
O serviço, que é referência para o Ministério da Saúde, trabalha de maneira
integral, oferecendo serviços médicos, psicossocial, de perícia e de defesa
social, através de atendimento interdisciplinar e de qualidade às vítimas e
suas famílias em um só espaço, evitando assim a revitimização.
O Pro Paz Integrado, além de oferecer acolhimento
psicossocial especializado, garante os direitos básicos relacionados à saúde
física, emocional, mental e reprodutiva; previne DST’s/Aids e gravidez
decorrente de estupro, através de medidas profiláticas, nos casos detectados
até 72 horas; também interrompe a gravidez decorrente de violência sexual,
conforme a legislação.
Para a integrante do Comitê Gestor do Pro Paz,
Izabela Jatene, uma das principais ações que devem ser feitas é estruturar os
municípios para receber o serviço do Pro Paz Integrado e outras ações. “Vamos
levar esse trabalho para o município de Altamira e contar com o apoio de
escolas, igrejas e da população. Não podemos depender da fuga de alguém para
saber das denúncias de tráfico humano”, afirmou.
O Governo, que já vem atuando através de ações
integradas nas áreas de Segurança, Defesa, Proteção e Promoção Social, vai
ampliar o trabalho, com a criação do Grupo de Trabalho, composto pela Sejudh,
IFPA, Seas, Pro Paz e Deam, para atuar de forma preventiva e repressiva na
Região de Belo Monte e Grandes Projetos em desenvolvimento no Estado.
Fonte: Redação da Agência
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Texto: Brena Moreira - Pro Paz
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