Brasil Novo Notícias: MP-CE entra com ação contra Fifa pedindo ressarcimento de R$ 28,6 mi

terça-feira, 22 de outubro de 2013

MP-CE entra com ação contra Fifa pedindo ressarcimento de R$ 28,6 mi

Verba pública foi utilizada em 'benefício da própria Fifa', diz MP-CE. MPs de outros quatro estados e DF também movem ações.


O Ministério Público do Ceará (MP-CE) entrou com uma ação civil pública contra a Federação Internacional de Futebol (FIFA) pedindo ressarcimento de R$ 28,6 milhões pagos pelo estado nas estruturas temporárias na Copa das Confederações 2013. Em nota, a Fifa afirma que não foi notificada sobre o caso e que os gastos citados pelo MP não estão em contratos firmados pela federação.
Segundo o órgão, o dinheiro público foi usado “em benefício da própria FIFA” na instalação de tendas para patrocinadores, salas para transmissão de jogos e áreas reservadas para convidados, chamadas pela federação de estruturas temporárias. Despesas que “não trouxeram nenhum legado à população”, diz a ação.
O Ministério Público alega que gastos públicos somente são autorizados quando trazem “evidentes benefícios à sociedade, o que não ocorreu com as despesas relacionadas às estruturas temporárias”.  O órgão afirma ter constatado que nos eventos Copa das Confederações 2009 e Copa do Mundo 2010, ambos realizados na África do Sul, tais gastos foram assumidos exclusivamente pela FIFA e pelo Comitê Organizador daquele país, não havendo custeio com verbas públicas.
Além do Ceará, os estados de  Pernambuco(R$ 36,5 milhões), Bahia (R$ 31 milhões), Minas Gerais (R$ 46 milhões), Rio de Janeiro (R$ 33,7 milhões) e o Distrito Federal (48,7 milhões) também deram entrada em ações civis públicas. Juntas, as despesas dos estados nas estruturas temporárias nos jogos da Copa das Confederações somam mais de R$ 200 milhões.
A promotora Jacqueline Faustino, da 2ª Promotoria de Justiça Cível de Fortaleza, ressalta que as ações civis não são ontra os estados e sim a favor deles. “São ações de ressarcimento, são contra a Fifa”, destaca. Segundo a promotora, os estados só tiveram conhecimento de que teriam de arcar com as despesas das estruturas temporárias três meses antes da competição. “Isso foi um abuso de direito da Fifa”, disse. A Secretaria Especial da Copa (Secopa) diz que não vai se pronunciar sobre o caso.
Veja íntegra da nota da Fifa:
"A FIFA e o Comitê Organizador Local (COL) não foram notificados sobre a ação mencionada. No entanto, as responsabilidades relativas às estruturas complementares constam nos contratos assinados com os responsáveis pelos estádios da Copa do Mundo da FIFA em 2007, bem como nos seus aditivos, assinados em 2009. Em resumo, a FIFA e o COL são responsáveis pela montagem das áreas de hospitalidade, de exposição comercial, de concessões de alimentação e de produtos oficiais, bem como pela decoração e sinalização do evento, além da rede de tráfego de dados e soluções de impressão específicas dos eventos. Outros espaços e adaptações (ex.: centro e tribuna de imprensa, centro de voluntários e estrutura de segurança,) são de responsabilidade dos proprietários dos estádios. Isso significa dizer que as três estruturas mencionadas no link enviado não foram pagas pelo proprietário do estádio, mas sim pela FIFA ou pelos seus parceiros comerciais.
É importante ressaltar que nenhum estádio do mundo pode receber um evento de porte mundial sem adaptações. O grande número de jornalistas, da mídia televisiva em geral, de voluntários e espectadores demanda a implantação de uma estrutura especial, que dê segurança e conforto a todos eles. Por exemplo, enquanto uma partida comum nos estádios pode receber entre 50 e 100 profissionais na tribuna de imprensa, um jogo de Copa do Mundo pode receber até 2 mil jornalistas. Proporção semelhante pode ser aplicada às cabines de televisão, já que no caso da Copa do Mundo as imagens são transmitidas para 150 países. Essas estruturas complementares reduzem o investimento na construção de instalações a serem utilizadas apenas para o evento e que aumentariam o custo de manutenção. (Em anexo, enviamos para referência duas fotos: uma do Estádio Olímpico de Berlim no chamado “modo legado” e outra no chamado “modo evento”.)
Com o objetivo de reduzir ainda mais o custeio dessas instalações, está sendo feita uma revisão de todo o material, conforme em fevereiro de 2013 para a Copa das Confederações da FIFA, quando houve significativa diminuição do escopo das contratações.
Ao assinarem os contratos e assumirem tais responsabilidades, em 2007, estamos certos de que as sedes o fizeram pensando não apenas no legado material que ficará após o evento, mas também e especialmente no legado de imagem e na projeção internacional ao receber um evento com audiência de TV de até metade da população mundial e que recebe turistas de todas as partes do mundo – áreas cujo sucesso depende fundamentalmente das instalações complementares."

Por: Diana Vasconcelos
Fonte: G1 CE

Nenhum comentário:

Postar um comentário