BRASIL NOVO NOTÍCIA: Índios da etnia Xikrin reclamam de atraso em obras na região do Xingu

quarta-feira, 13 de maio de 2015

Índios da etnia Xikrin reclamam de atraso em obras na região do Xingu

Índios da etnia xikrin que vivem na terra indígena Trincheira Bacajá, em Anapu, no sudoeste do estado, serão afetadas pela construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte. Eles reclamam do atraso nas obras que iriam melhorar a vida nas aldeias localizadas na região do Xingu, as tribos Kráin e Pot’krô, localizadas a mais de 20 km de Altamira. A Norte Energia, empresa responsável pela construção do empreendimento, informou que todas as obras previstas serão realizadas até o finaldo processo de implantação da usina.
A terra indígena Trincheira Bacajá é uma das maiores do estado, com 1 milhão e 600 mil hectares. A maior parte da área é floresta intacta, e o acesso pode ser feito pelo rio Bacajá, afluente do rio Xingu, e também por estrada, que está em boas condições. Na aldeia Kráin vivem mais de 100 indígenas. Além da caça e da pesca, as famílias se alimentam de farinha, batata doce e abóbora. Eles construíram uma casa de farinha, onde se revezam na produção, mas eles só conseguem produzir, por dia, no máximo um saco de 60 kg. A capacidade de produção é pequena porque só possuem um forno para fazer a secagem.

A construção de uma nova casa de farinha é uma das melhorias previstas para compensar os impactos que a aldeia pode sofrer com a construção da usina. A obra, uma das mais esperadas pela comunidade, ainda não foi concluída. A empresa contratada pela Norte Energia não terminou o barracão. Os índios produzem de forma precária em um barraco coberto de palha, que molha quando chove. “Já era para estar feita a casa de farinha, aí atrapalha tudinho”, reclama o guerreiro Beppry Xikrin.
Na aldeia foi construído, há cerca de um ano, um sistema de saneamento, com poço artesiano, filtros, caixa d’água, torneiras e gerador de energia, mas a estrutura já apresenta problemas. Os índios dizem que não há manutenção.
Na aldeia Pot’krô não é diferente. O sistema de saneamento também está com problemas. Um dos filtros não funciona mais. A construção de escolas e postos de saúde também está no plano elaborado para beneficiar as aldeias, mas, por enquanto, só foi feita a limpeza dos terrenos e as crianças estudam em salas improvisadas, com pouca iluminação e quentes. “Todas as comunidades estão cansadas de ouvir mentira, promessa, nada de acontecer na prática”, afirmou a liderança Bebere.
Os problemas que afetam as comunidades indígenas foram denunciados durante protestos das lideranças em Altamira, no mês de abril. Eles exigem que a licença de liberação de construção da usina só seja liberada pelo Ibama depois da conclusão das obras. “Pelo jeito que eu estou vendo vai passar esse ano, vai começar o outro e essas obras não vão ser entregues”, disse o guerreiro Nanbu Kaiapó. As mulheres da aldeia Pot’krô manifestaram indignação e disseram que vão lutar para realizar o sonho de ter educação e saúde para os filhos.
G1 Pará

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