Os atingidos por Belo Monte da
"lagoa" do Independente 1 estão acampados na sede do Ibama em
Altamira desde a manhã de segunda-feira (9 de julho).
Eles cobram que o órgão exija da
Norte Energia o início imediato dos trabalhos de realocação das famílias.
Na tarde de ontem (10), após muita
insistência, o chefe do Ibama, Roberto Abreu, saiu de dentro do escritório para
ouvir a reivindicação dos atingidos. Os manifestantes aguardam resposta da
presidência do órgão e da Norte Energia, que até agora se recusa a
dialogar com os atingidos.
"Não podemos
mais aguentar essa demora. Para nós é melhor ficar aqui no Ibama respirando um
ar puro do que lá em cima do lixo. As crianças já estão ficando doentes",
afirma Carliane, uma das atingidas.
Algumas famílias chegaram a levar camas, cadeiras, fogões e
pertences pessoais para o local, sinalizando que estão dispostas a permanecer
no local até obterem uma resposta.
Entenda o caso
Os moradores estão lutando há 3 anos
com o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) pelo reconhecimento como
atingidos pela hidrelétrica de Belo Monte. Eles foram reconhecidos como
atingidos pelo Ibama em março, mas até o momento ainda estão vivendo em área
permanentemente alagada e poluída.
O Ibama reconheceu a responsabilidade
da concessionária da barragem sobre o caso e ordenou a remoção e o reassentamento
ou indenização das famílias. De acordo com o orgão, elas foram levadas a ocupar
o local, impróprio para moradia, devido ao aumento no custo de vida na cidade
impulsionado pela construção da hidrelétrica.
Também na terça-feira, os coordenadores do Movimento
se reuniram com o prefeito de Altamira, Domingos Juvenil. A princípio, o Ibama
havia recomendado que a Norte Energia fizesse a remoção das famílias e a
prefeitura demolisse as casas e restaurasse a área da lagoa, transformando-a em
um parque. Após a reunião, a prefeitura divulgou a seguinte nota:
“A Prefeitura de Altamira esclarece
que no mês de junho, em Brasília, aconteceu uma reunião com representantes da
Presidência da Republica, Norte Energia, IBAMA e PMA, onde ficou sacramentado
que a responsabilidade de retirar as pessoas do local é da Norte Energia. E
deve retirar, realocar ou indenizar as cercas de 720 famílias da aérea da
lagoa”
O cadastro socioeconômico inicial da
Norte Energia apontou 968 famílias no local, no entanto, relatório mais recente
da concessionária afirma que são cerca de 578 famílias a serem removidas, a
maioria vivendo em casas de palafita, mas também algumas morando sobre área
aterrada ao redor da "lagoa".
Esta é a segunda vez em menos de um
mês que a comunidade ocupa o órgão em busca de seus direitos.
Fonte:
MAB
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