Pré-candidato
foi ao local onde os militares mataram 19 sem terra
Fonte: Ulisses Pompeu/Estadão |
Em
visita a Eldorado dos Carajás, no sudoeste do Pará, o pré-candidato
ao Planalto pelo PSL, Jair Bolsonaro, defendeu os policiais presos
pela morte de 19 trabalhadores rurais sem-terra ocorrido em abril de
1996 na região. Bolsonaro foi até a Curva do S, um trecho da
BR-155, em Eldorado dos Carajás, onde os sem-terra foram mortos, dez
com tiros à queima-roupa, por policiais militares comandados pelo
coronel Mário Pantoja, condenado a 228 anos de prisão.
“Quem
tinha que estar preso era o pessoal do MST (Movimento dos Sem Terra),
gente canalha e vagabunda. Os policiais reagiram para não morrer”,
disse Bolsonaro, em frente a troncos de castanheiras queimados que
marcam o local exato do massacre. Um grupo de policiais que
acompanhava o discurso aplaudiu.
A
passagem de Bolsonaro pelo Pará é marcada pela crítica à luta da
terra. Na noite anterior, em jantar para uma plateia de produtores
rurais e policiais, em Marabá, Bolsonaro disse que, se eleito, vai
tirar o Estado do “cangote” dos ruralistas, “segurar” as
multas ambientais e aumentar a repressão a movimentos do campo. “Não
vai ter um canalha de fiscal metendo a caneta em vocês”, disse o
pré-candidato. “Direitos humanos é a pipoca, pô.”
Anteontem,
em Marabá, Bolsonaro também defendeu o uso de armas para “resolver”
comflitos no campo e criticar movimentos que defendem invasões de
terra na região. “Ninguém tem o direito de invadir a propriedade
alheia. Se o governo não tem pulso para conter esse abuso, que
libere o porte de arma para que o trabalhador possa se defender”,
afirmou.
O
presidente da União Democrática Ruralista (UDR), Luiz Antonio
Nabhan Garcia, discursou antes do presidenciável. “Bolsonaro, aqui
o recado da classe produtora é direto: procuramos um presidente que
não nos atrapalhe e não nos persiga”, disse. “Quando o senhor
se tornar presidente, vê o que fará com essa gente da Funai, do
Ibama, do Ministério Público, que não respeita a propriedade
privada.”
Índios
Ainda
ontem (13), Bolsonaro foi para a cidade vizinha de Parauapebas. Em
frente a uma portaria do Complexo de Carajás, uma maiores regiões
mineradores do País, ele discursou ao lado de uma família de índios
da região. “Os índios e os afros são brasileiros como nós”,
disse. “Eles não querem ser latifundiários, mas cidadãos. Se
quiserem arrendar suas terras, vão arrendar. Se quiserem vender, vão
poder vender.”
O
deputado Eder Mauro, que participa da comitiva de Bolsonaro, emendou:
“Nossa discussão (em Parauapebas) tratou sobre o minério
produzido aqui no Pará, porque o Estado ganha pouco em comparação
ao que é tirado das nossas terras. É uma injustiça com os
garimpeiros, que são abandonados e massacrados”, lembrou Éder
Mauro. “A mesma coisa acontece com os trabalhadores do setor
agropecuário. Eles passam muitas dificuldades, e nós não admitimos
que aquele que sustenta o país sofra violências. É preciso que
eles possuam armas e se defendam”, pontuou o delegado.
Fonte:
Portal ORM
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