Brasil Novo Notícias: IBAMA faz ‘mea culpa’ e promete estudo de impacto de Belo Monte sobre carroceiros

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

IBAMA faz ‘mea culpa’ e promete estudo de impacto de Belo Monte sobre carroceiros

Setenta carroceiros participaram de manifestação e fizeram reunião com representes de Casa de Governo de Altamira, com presenças de Cleide e Avelino Ganzer, e do IBAMA, com presenças de Henrique, Eduardo e Frederico Amaral, há apenas dois meses coordenando a equipe do IBAMA que acompanha Belo Monte.

Os carroceiros, que ao todo somam 130 famílias,
aproximadamente 600 pessoas, exigem do IBAMA o reconhecimento de ‘atingidos’ por Belo Monte e a garantia de condições para a continuação de suas atividades. “Queremos que vocês nos reconheçam como atingidos. A Norte Energia disse que só tem obrigação de fazer o que o IBAMA determina. Nossa classe é muito impactada. A gente mantinha a nossa família antes da barragem. Agora a gente passa até uma semana sem um frete. Perdemos o nosso espaço e o nosso ganha-pão. Não queremos indenização em dinheiro, isso somente no último caso; o que queremos é continuar vivendo de nossa atividade”, disse Gilson, uma das lideranças dos carroceiros e participante do MAB. E desabafou: “Quando perguntam se sou a favor de Belo Monte, digo que não posso ser. Ela tira o nosso trabalho”.

Dilerman, presidente das associações de Altamira, lembrou que há cidades grandes e ‘modernas’ no Brasil com carroças que fazem frete e turismo. E lembrou o valor econômico, histórico e cultural da atividade dos carroceiros em Altamira: “eles nasceram e cresceram com a cidade”. A Norte Energia tinha afirmado em outra ocasião que ‘cidade moderna não tem carroça’.
Diante do relato de pessoas simples, muitas nem tiveram oportunidade de estudar, e sentindo a pressão da rua, o IBAMA fez o ‘mea culpa’: “diante da magnitude do impacto de Belo Monte, não tinha ‘visto’ os carroceiros”, disse Eduardo, representante do Órgão.
Henrique, que também representa o IBAMA, reconheceu indícios de impacto sobre o trabalho e a atividade produtiva dos carroceiros. “O PBA (Plano Básico Ambiental) não fala dos carroceiros, mas fala de perda de atividade produtiva. Esse é um caminho”.

Ao final da reunião, o IBAMA assumiu compromisso de fazer estudo para medir o grau de impacto de Belo Monte sobre a atividade dos carroceiros. “O resultado desse estudo vai mostrar o nível de responsabilidade da Norte Energia e dos governos municipal e federal”, afirmou Henrique.
As 130 famílias de carroceiros não são as únicas que não foram ‘vistas’ pelo IBAMA na liberação de Belo Monte. Todas as famílias abaixo do muro da barragem, na sua maioria pescadores, impactadas pelo trecho de vazão reduzida, também não foram reconhecidas como atingidas.
O MAB defende que o IBAMA e a Norte Energia criem as condições para a viabilidade econômica e de subsistência das famílias dos carroceiros. O reconhecimento tardio deles como atingidos não pode apontar somente para um paliativo como colocar placas na cidade e arranjar lugar para descanso dos cavalos.

MAB

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