Munduruku
queriam a devolução de urnas funerárias de antepassados
Foto: Marcello Casal Jr./ABR |
Um
grupo de indígenas que ocupava o canteiro de obras da hidrelétrica
São Manoel, no município de Jacareacanga, no sudeste do Pará,
abandonou, na madrugada de ontem, o local após uma longa reunião
com o presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai),
Franklimberg de Freitas. A informação foi confirmada pelo órgão,
em nota divulgada no site. “As reivindicações dos indígenas
foram recebidas, discutidas e encaminhadas para as devidas
providências. Eles retornaram para as suas casas, e não estão mais
ocupando a UHE”, diz o comunicado.
O
protesto dos índios Munduruku, iniciado no final de semana, chegou a
paralisar a construção da usina, que está na reta final, com
previsão de início da operação ainda em outubro deste ano. Os
mais de 200 integrantes da etnia apresentaram no protesto exigências
relacionadas ao empreendimento no rio Teles Pires, como a devolução
de urnas funerárias consideradas sagradas pelos índios e que teriam
desaparecido em meio às obras, além de reivindicações mais
amplas, como a demarcação de uma terra indígena no Pará, a Sawré
Muybu.
“A
principal solicitação dos Munduruku, em relação à retirada das
urnas funerárias do local, foi atendida. O empreendedor levou todos
os indígenas à Alta Floresta, para que os pajés possam fazer seus
rituais, e será definido pelos próprios Munduruku o local onde elas
serão devolvidas e enterradas”, disse Franklimberg.
A
hidrelétrica São Manoel, orçada em cerca de R$ 3 bilhões, é um
investimento conjunto entre a estatal federal Eletrobras, a chinesa
China Three Gorges e a EDP Energias do Brasil, do grupo EDP Energias
de Portugal. A usina e outros projetos na região têm enfrentado
oposição de indígenas e ambientalistas há tempos, uma vez que os
empreendimentos estão na região da chamada corredeira das Sete
Quedas do rio Teles Pires, um local sagrado para os índios que foi
inundado pelo lago das hidrelétricas.
A
usina de São Manoel já havia sido alvo de uma ação de protesto
dos índios ainda durante os preparativos para a licitação de sua
concessão, em 2011. Na época, funcionários da Funai e da EPE
chegaram a ser mantidos como reféns por indígenas das etnias
Munduruku e Kayabi.
Fonte:
Portal ORM News
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