© Foto: Reprodução/Facebook Os terrenos são localizados, nos municípios de Duartina, em São Paulo, Piraí, no Rio de Janeiro e Rondonópolis, no Mato Grosso. |
O
Movimento dos Trabalhadores sem Terra (MST) ocupou, na manhã desta
terça-feira, fazendas do coronel João Baptista Lima, amigo do
presidente Michel Temer, do ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira, e
do ministro da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento, Blairo
Maggi. Os terrenos são localizados, respectivamente, nos municípios
de Duartina, em São Paulo, Piraí, no Rio de Janeiro e Rondonópolis,
no Mato Grosso.
O
grupo alega que as ocupações integram a Jornada Nacional de Lutas
pela Reforma Agrária, que busca realizar manifestações em terrenos
ligados a pessoas que tivessem alguma relação com esquemas de
corrupção: "Os latifundiários que possuem estas áreas são
acusados, no cumprimento de função pública, de atos de corrupção,
como lavagem de dinheiro, favorecimento ilícito, estelionato e
outros".
Manifestantes do MST invadiram fazenda que pertence a amigo de Temer em Duartina, interior de SP (Foto: Alan Schneider / TV TEM) |
Em
maio deste ano, coronel Lima foi apontado por delatores da JBS como o
responsável por receber R$ 1 milhão de propina paga pela companhia
na campanha eleitoral de 2014. De acordo com o diretor da empresa
Ricardo Saud, o presidente Michel Temer recebeu R$ 15 milhões para
distribuir a seus aliados. Em 2 de setembro daquele ano, R$ 1 milhão
desse total foi entregue "conforme orientação direta e
específica de Temer" na empresa Argeplan, em São Paulo,
diretamente ao coronel.
Lima
já havia aparecido em outra tentativa de acordo com a Justiça. Em
2016, quando José Antunes Sobrinho, um dos sócios da Engevix,
tentou fechar sua delação na Lava-Jato, a revista “Época”
revelou que a Argeplan e a AGF Consulting tinham ganhado concorrência
de R$ 162 milhões para as obras de Angra 3, em 2012. O coronel teria
convidado a Engevix, como subcontratada. Sobrinho disse ter se
encontrado duas vezes com Temer e o coronel, no escritório do então
vice-presidente, em São Paulo, para tratar do assunto. Em seguida,
Lima teria cobrado R$ 1 milhão, que seria destinado à campanha de
Temer em 2014.
O
coronel e o ex-presidente tem negado as acusações.
De
acordo com a Polícia Militar de Piraí, a fazenda de Teixeira, Santa
Rosa, possui mais de 500 hectares e foi ocupada por mais de 300
manifestantes. "Ricardo Teixeira não só desencadeou todo um
sistema de estelionato sobre o futebol e lavagem de dinheiro no
Brasil, segundo estimam procuradores do Ministério Público Federal,
como sua expertisse em corrupção no futebol é pauta do FBI e da
polícia Espanhola", divulgou o MST em nota. "Muitas destas
lavagens de dinheiro passam pelo contexto da aquisição e
valorização especulativa de grandes extensões de terras",
completa.
Reportagem
publicada pelo GLOBO em 2015, dizia que a fazenda Santa Rosa tem
cerca de 920 mil m², onde o cartola criava ao menos 500 cabeças de
gado. Em um leilão de 2011, por exemplo, Teixeira arrecadou R$ 1,3
milhão com a venda de vacas e bezerros filhos de "raçadores da
linha de frente do gado leiteiro nacional", de acordo com uma
publicação especializada. A propriedade conta com um casarão
colonial e um heliponto.
Outra
fazenda ocupada foi a SM2, do ministro Blairo Maggi, localizada na
BR-163, em Rondonópolis, no Estado do Mato Grosso. O MST acusa o
ministro de "estar envolvido em conjunto de denúncias de uso
das legislaturas, como o de senador, para legislar em causa própria
e para o fortalecimento das empresas de agronegócio". A nota
dos sem-terra lembra que, em 2006, o Greenpeace concedeu a Maggi,
dono de um império agropecuário, o prêmio "Motosserra do ano,
por elevados danos ao meio ambiente".
Fonte:
MSN/Agência O Globo
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