Brasil Novo Notícias: Ex-funcionária da Alepa presta novo depoimento e reitera fraude chefiada pelo ex-presidente da Casa

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Ex-funcionária da Alepa presta novo depoimento e reitera fraude chefiada pelo ex-presidente da Casa


Fraudes na Alepa

Escrito por Valéria Furlan   


Durou cerca de três horas o novo depoimento de Mônica Pinto ao promotor de Justiça Nelson Medrado, que investiga desde o ano passado as fraudes milionárias ocorridas no Legislativo paraense. A ex-chefe de Pessoal da Alepa, que possui acordo de delação premiada com o Ministério Público do Estado, compareceu ontem (07-08) à tarde ao gabinete do promotor, acompanhada de seu advogado. Ela reiterou informações sobre o esquema de corrupção que ficou conhecido como "caso Alepa", revelou alguns fatos novos e indicou a Medrado nomes de funcionários do dito "segundo escalão" que se beneficiavam das fraudes. Segundo o promotor, o depoimento de Mônica trouxe fatos importantes para a investigação, e ela ainda deverá ser ouvida mais vezes nas próximas semanas.
Em seu depoimento, Mônica detalhou, mais uma vez, como funcionavam as fraudes na folha de pagamento na Alepa. Ela reiterou que, na gestão do ex-deputado Domingos Juvenil (PMDB), todos as orientações para contratação de pessoal partiam da chefia de gabinete do presidente, que mandava bilhetes determinando as lotações dos servidores que seriam incluídos na folha. Ela mencionou o nome da servidora Paulina Nascimento, que exerceu a chefia do departamento de pessoal, como sendo a pessoa que preparava os atos para efetivação das ordens. Mônica Pinto também relembrou que, no mandato de Juvenil, haviam pessoas que detinham poderes para determinar os atos administrativos, entre elas, Semmel Charone, Maria Genuína Carvalho e Sérgio Duboc, que já estão sendo processados pelo MPE no caso.
Segundo o promotor Nelson Medrado, outro ponto destacado por Mônica no depoimento diz respeito à sua saída do Departamento de Gestão de Pessoas. Ela afirma que, quando o Ministério Público começou a detectar as fraudes e solicitou à Assembleia a relação de funcionários da Casa, ainda em 2009, o presidente Juvenil determinou que fosse enviada apenas a lista dos funcionários que efetivamente existiam na estrutura da Alepa. Ela, no entanto, teria se recusado a assinar a listagem e por isso teria sido afastada do departamento. Assumiu a diretoria, então, Marcos Almeida, que segundo ela, é sobrinho de Domingos Juvenil. Ele assinou o documento e, segundo Mônica, "sabia que estava prestando uma informação falsa". Segundo ela, o número real de servidores foi omitido na lista encaminhada ao MP no ano de 2010, informação que, segundo o promotor Nelson Medrado, bate com o que o MPE verificou.
Mônica voltou a frisar, no depoimento, que os pagamentos ilegais na folha eram de conhecimento de vários servidores da Assembleia, inclusive de deputados. Segundo o promotor, ela mencionou novamente alguns nomes de deputados e ex-deputados que teriam se beneficiado das fraudes. Mônica afirmou ainda que, na época em que as fraudes ocorriam, havia uma grande preocupação dos envolvidos em não levantar suspeitas. Segundo o promotor Nelson Medrado, o novo depoimento da ex-chefe de Pessoal da Alepa ainda será agendado. "Vamos primeiro trabalhar as informações que ela levantou nos últimos depoimentos, para depois ouvi-la novamente", observou.
"É justo que cada um responda pelo que fez"
Os recentes depoimentos de Mônica Pinto fazem parte de uma nova etapa da apuração do MP sobre o caso Alepa, que deverá aprofundar as investigações sobre a responsabilidade e beneficiamento dos servidores do chamado "segundo escalão" no esquema fraudulento. Novamente, Mônica Pinto está sendo chamada para colaborar prestando informações - ela depôs por cerca de seis horas na última quinta-feira (2). Ontem, ao chegar para o depoimento, Mônica conversou brevemente com a reportagem de O LIBERAL e disse que está disposta a continuar fornecendo informações que possam subsidiar as investigações do MP. "Cada pessoa teve sua responsabilidade nas irregularidades que ocorreram. É justo que cada um responda pelo que fez, até para que as pessoas saibam, realmente, quem é quem. Muitos funcionários foram beneficiados, e outros se omitiram", acredita.
Mônica afirma que, nos depoimentos prestados ao MPE desde a semana passada, ela tem esclarecido alguns pontos que ainda não estavam bem definidos. "Esse é um momento em que a gente vem esclarecer melhor alguns pontos que não ficaram bem definidos, mostrar algumas situações que ocorriam lá dentro", diz ela, que também é ré nos processos do caso por ter colaborado e se beneficiado das fraudes.
Para ela, todos os envolvidos devem ser responsabilizados. "Até hoje, existe um corporativismo tão grande lá dentro que as pessoas não querem colaborar. Mas eu estou disposta a isso", emendou.
O esquema de corrupção na Alepa resultou em um rombo aos cofres públicos em mais de R$ 100 milhões e, ao todo, 68 pessoas estão sendo processadas por conta das fraudes. A investigação do esquema criminoso é comandada pelos promotores de Justiça Arnaldo Azevedo e Nelson Medrado desde abril do ano passado, quando o escândalo estourou. Dezoito ações já foram oferecidas à Justiça desde então.
Fonte: O liberal

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