Após longas e difíceis
negociações com o governo, a Petrobras conseguiu aprovar na sexta-feira, 29, um
reajuste de 4% nos preços da gasolina e de 8% no óleo diesel a partir deste
sábado, 30, em suas refinarias. O setor de distribuição e revenda prevê que
o repasse será imediato para as bombas. A consultoria LCA calcula que o repasse
para o consumidor final ficará em torno de 2% a 2,5%.
O reajuste dos combustíveis
deverá ter impacto modesto na inflação, segundo economistas. Considerando os
impactos diretos e indiretos, o IPCA deverá ser elevado em 0,24% em dezembro de
2013 e em 2014. "Apesar de o peso da gasolina ser alto no IPCA, o
reajuste, ficou abaixo do que o mercado esperava", disse André Perfeito,
da Gradual Investimentos.
Segundo a LCA, o maior impacto
do aumento da gasolina será sentido ainda neste ano. Já no caso do óleo diesel,
o maior efeito será indireto, em fretes e tarifas de transporte público.
"Infelizmente, o mercado
vai ficar frustrado, o governo decepcionou. Prevaleceu o controle da inflação,
foi uma vitória do ministro da Fazenda (Guido Mantega, também presidente do
Conselho de Administração da Petrobras)", disse o analista do Centro
Brasileiro de Infraestrutura (CBIE) Adriano Pires.
Em Brasília, fontes da área
econômica do governo afirmam que as pressões por novos aumentos vão continuar.
"Não tem como a Fazenda fugir de mais pedidos de reajuste ainda este
ano", disse uma fonte.
Com a expectativa do reajuste,
as ações da Petrobras tiveram ganho expressivo ontem, ajudando a Bolsa de Valores
de São Paulo (Bovespa) a fechar o último pregão de novembro no azul. As ações
ordinárias (com voto) subiram 3,3%, e as preferenciais (sem voto), 2,4%. A
Bolsa subiu 1,23%, aos 52.482 pontos.
Política de preços
Para analistas, o reajuste era
necessário, mas não resolve os problemas da empresa. Bruno Piagentini e Marco
Aurélio Barbosa, da corretora Coinvalores, dizem que um aumento sem a definição
de uma metodologia de preços para a companhia "é apenas um paliativo para
o caixa da empresa".
"É preciso definir uma
política de preços para a empresa. Na importação de combustíveis, o prejuízo é
de
R$ 13,2 bilhões até setembro. Isso gera problemas de caixa e se
reflete na capacidade da empresa para investir", diz Piagentini.
A Petrobras precisa fazer caixa
para realizar seu plano de investimentos, de
US$ 236,7 bilhões de 2013 a 2017. A empresa, recentemente,
arrematou a área de Libra, no pré-sal, e a maioria dos blocos de gás da 12ª
Rodada da ANP. "Sem uma política de preços definida, a Petrobras poderá
ter que deixar de investir para importar combustível", avalia
Barbosa.
Da Agências O Globo e
Estadão Conteúdo
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