Armamento pesado, como fuzis, foi encontrado no Centro de Recuperação Penitenciário do Pará. (Foto: Agência Pará) |
Uma grande
balbúrdia da Superintendência do Sistema Prisional do Estado do Pará (Susipe) e
duas ocorrências que só não tiveram resultados ainda piores porque faltou
financiamento suficiente. É assim que o deputado estadual e soldado da Polícia
Militar, Tércio Nogueira (PROS), avalia o que houve após as tentativas de fuga
do Centro de Recuperação Regional de Bragança (CRRB), esta semana, e no Centro
de Recuperação Penitenciária do Pará III (CRPP III), em Santa Izabel, na semana
passada. Nas duas situações, 27 detentos, incluindo um agente prisional, foram
mortos, além de um armamento de guerra apreendido e que o Governo do Estado
segue se negando a informar como foi parar na mão dos presos.
Para o parlamentar, o Governo quer escamotear a fragilidade da Susipe. “Foram encontradas até armas longas, eu tenho um vídeo que mostra, de dentro do presídio em Santa Izabel, meliantes atirando com essas armas longas. Como que entram? O sistema carcerário tem muitos furos e o Estado não quer assumir essa incompetência, tanto lá no CRPP III como em Bragança. Não quer divulgar porque tem a ‘panela toda furada’”, disparou.
O deputado segue o relato afirmando que há vídeos amadores mostrando os presos, de dentro da cadeia, atirando nas guaritas e na muralha. “É balbúrdia da Susipe, que assina atestado de incompetência quando não consegue preparar os seus servidores, não consegue investigar melhor quem faz essa triagem, não consegue barrar essas armas de chegar na cadeia. Quem morreu estava dentro fortemente armado e tentando fugir. O Sistema Prisional tem de assumir que facções criminosas chegaram e assumir incompetência, levar ao governador, reformular o trabalho”, denunciou.
Para ele, duas ações dessa magnitude não foram pensadas do dia para a noite, e sim organizadas em tom de maestria e com um bom dinheiro envolvido. “Fuzil não se compra com pouco dinheiro, custa R$ 10 mil, R$ 15 mil no mercado negro. Foi orquestrado. Alguém financiou. A Susipe tem de vir a público e assumir que podia ter sido pior, e não foi porque não tinha mais dinheiro”, continuou.
O petista Carlos Bordalo, que assinou o relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), no fim de 2014, que investigou a atuação de grupos de milícia no Estado, afirma que não é de hoje que o sistema prisional está dominado por facções criminosas. “O Estado finge que comanda e os presos fingem que são controlados. Prisão virou espaço de planejamento, de ação orquestrada, onde se comanda o que é feito aqui fora”, lamentou.
Ele voltou a citar a importância de colaboração federal, como já ocorre em estados como Maranhão, Rio Grande do Norte e Espírito Santo, que recorreram à ajuda após lidarem com sangrentas rebeliões em seus sistemas prisionais.
DEPUTADOS CRITICAM SUSIPE PELA FALTA DE INFORMAÇÕES
Líder do MDB na Assembleia Legislativa, Iran Lima também teceu duras críticas ao fato de o sistema de Segurança Pública dificultar a divulgação de informações. “Quando teve motim em Bragança, à noite, não havia confirmação oficial das mortes e as redes sociais todas confirmando, falando até os nomes de quem tinha morrido. Mas a Susipe dizia que não sabia ou estava filtrando. A Folha desmentiu o Sistema Prisional quando publicou que todos os mortos do CRPP III eram detentos, não houve resgate. Eram presos com armas pesadas e o Governo tentando encobrir”, criticou.
Nem mesmo a base ficou calada diante de tanta confusão. Deputado do grupo aliado ao Governo, Junior Hage (PDT) cobrou na tribuna que o Governo desmentisse um trecho de matéria publicada pelo DIÁRIO ontem sugerindo uma espécie de ‘lei da mordaça’, em que agentes da Segurança Pública ligados ao Instituto Médico Legal e à Polícia Civil estão impedidos de divulgar números reais. “Sabemos que os registros são abaixo do que há nas ruas, quem sofre é quem usa o transporte público. Números da Segup não refletem a realidade”.
Na tribuna, não foi sequer contestado pelas lideranças do Governo. “A sociedade não pode achar que agentes de segurança então impedidos de negar os números reais, fundamentais para as polícias poderem planejar suas ações com eficácia”, avaliou.
RESPOSTA
A Susipe informa que faz revistas nas celas diariamente, para coibir a entrada de objetos como celulares, drogas e armas. A Susipe alega ainda que nenhuma nova informação será divulgada durante as investigações para não interferir no andamento dos trabalhos.
Por: Carol Menezes/Diário do Pará
Para o parlamentar, o Governo quer escamotear a fragilidade da Susipe. “Foram encontradas até armas longas, eu tenho um vídeo que mostra, de dentro do presídio em Santa Izabel, meliantes atirando com essas armas longas. Como que entram? O sistema carcerário tem muitos furos e o Estado não quer assumir essa incompetência, tanto lá no CRPP III como em Bragança. Não quer divulgar porque tem a ‘panela toda furada’”, disparou.
O deputado segue o relato afirmando que há vídeos amadores mostrando os presos, de dentro da cadeia, atirando nas guaritas e na muralha. “É balbúrdia da Susipe, que assina atestado de incompetência quando não consegue preparar os seus servidores, não consegue investigar melhor quem faz essa triagem, não consegue barrar essas armas de chegar na cadeia. Quem morreu estava dentro fortemente armado e tentando fugir. O Sistema Prisional tem de assumir que facções criminosas chegaram e assumir incompetência, levar ao governador, reformular o trabalho”, denunciou.
Para ele, duas ações dessa magnitude não foram pensadas do dia para a noite, e sim organizadas em tom de maestria e com um bom dinheiro envolvido. “Fuzil não se compra com pouco dinheiro, custa R$ 10 mil, R$ 15 mil no mercado negro. Foi orquestrado. Alguém financiou. A Susipe tem de vir a público e assumir que podia ter sido pior, e não foi porque não tinha mais dinheiro”, continuou.
O petista Carlos Bordalo, que assinou o relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), no fim de 2014, que investigou a atuação de grupos de milícia no Estado, afirma que não é de hoje que o sistema prisional está dominado por facções criminosas. “O Estado finge que comanda e os presos fingem que são controlados. Prisão virou espaço de planejamento, de ação orquestrada, onde se comanda o que é feito aqui fora”, lamentou.
Ele voltou a citar a importância de colaboração federal, como já ocorre em estados como Maranhão, Rio Grande do Norte e Espírito Santo, que recorreram à ajuda após lidarem com sangrentas rebeliões em seus sistemas prisionais.
DEPUTADOS CRITICAM SUSIPE PELA FALTA DE INFORMAÇÕES
Líder do MDB na Assembleia Legislativa, Iran Lima também teceu duras críticas ao fato de o sistema de Segurança Pública dificultar a divulgação de informações. “Quando teve motim em Bragança, à noite, não havia confirmação oficial das mortes e as redes sociais todas confirmando, falando até os nomes de quem tinha morrido. Mas a Susipe dizia que não sabia ou estava filtrando. A Folha desmentiu o Sistema Prisional quando publicou que todos os mortos do CRPP III eram detentos, não houve resgate. Eram presos com armas pesadas e o Governo tentando encobrir”, criticou.
Nem mesmo a base ficou calada diante de tanta confusão. Deputado do grupo aliado ao Governo, Junior Hage (PDT) cobrou na tribuna que o Governo desmentisse um trecho de matéria publicada pelo DIÁRIO ontem sugerindo uma espécie de ‘lei da mordaça’, em que agentes da Segurança Pública ligados ao Instituto Médico Legal e à Polícia Civil estão impedidos de divulgar números reais. “Sabemos que os registros são abaixo do que há nas ruas, quem sofre é quem usa o transporte público. Números da Segup não refletem a realidade”.
Na tribuna, não foi sequer contestado pelas lideranças do Governo. “A sociedade não pode achar que agentes de segurança então impedidos de negar os números reais, fundamentais para as polícias poderem planejar suas ações com eficácia”, avaliou.
RESPOSTA
A Susipe informa que faz revistas nas celas diariamente, para coibir a entrada de objetos como celulares, drogas e armas. A Susipe alega ainda que nenhuma nova informação será divulgada durante as investigações para não interferir no andamento dos trabalhos.
Por: Carol Menezes/Diário do Pará
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