Márcio Ferreira/Agência Pará |
Em
nenhum outro estado brasileiro a situação das estradas é tão
crítica quanto no Pará. Dos 3.896 quilômetros de estradas que
cortam o Estado, somente um trecho de 16 quilômetros não apresenta
nenhum defeito. No geral, 86,5% da malha viária paraense (3.365
quilômetros) apresenta alguma deficiência, sendo que em 61,8%, ou
em 2.403 quilômetros, a classificação é ruim ou péssima. É
disparada a realidade mais preocupante, dentre todas as Unidades da
Federação, segundo os pesquisadores da Confederação Nacional do
Transporte (CNT), que cortaram mais de 105,8 mil rodovias federais e
estaduais ao longo do último ano.
Não
por acaso, o estudo cita três trechos paraenses entre as seis piores
ligações rodoviárias do Brasil. Nesse rol de trechos mais
intransitáveis do País, estão 244 quilômetros entre Marabá e Dom
Eliseu (BR-222); o trecho também entre Marabá e o município
tocantinense de Wanderlândia (BR-153, BR-230 e PA-153/BR-153); e a
ligação entre Belém e Guaraí (TO), que cruza as rodovias BR-222,
PA-150, PA-151, PA-252, PA-287, PA-447, PA-475, PA-483 e TO-336.
Para
chegar a esses índices, o estudo levou em consideração as
condições do pavimento, da sinalização e da geometria da via. Com
rodovias tão problemáticas, os paraenses têm um acréscimo de
35,7% no custo do transporte rodoviário, uma vez que rodovias com
deficiência têm menos segurança, exigem mais manutenção dos
veículos e maior consumo de combustível.
Segundo
estimativas da CNT, precisariam ser investidos, no mínimo, R$ 2,16
bilhões para recuperar, restaurar e manter as rodovias paraenses -
maior custo avaliado dentre todas as Unidades da Federação. A maior
parte desse montante, cerca de R$ 1,38 bilhão, seria destinado para
restaurar os trechos com trincas, buracos, ondulações e
afundamentos nas estradas do Estado. Para fazer a manutenção nos
trechos desgastados, seriam necessários mais R$ 746,59 milhões,
sendo que, pelo menos, R$ 2 milhões, seriam destinados para
reconstrução de trechos totalmente destruídos.
O
detalhamento da pesquisa aponta que é praticamente inexistente
sinalização na malha viária do Pará. Há problemas de sinalização
atualmente em 96,5% da extensão avaliada. Somente em 3,5%, o estado
foi classificado como ótimo ou bom. Ao analisar os trechos onde foi
possível a identificação visual de placas, 56,2% apresentaram
placas desgastadas ou totalmente ilegíveis. Em 64,8% das pistas
simples de mão dupla a pintura das faixas está desgastada e, em
25,2%, ela é totalmente inexistente. O abandono também é observado
pela vegetação que cresce em direção a pista, onde cerca de 20,3%
das placas de sinalização estão cobertas pelo mato.
A
pesquisa classificou o pavimento como regular, ruim ou péssimo em
69,8% da extensão avaliada no Pará, enquanto que 30,2% foram
considerados ótimos ou bons. Em 62,3% da extensão pesquisada
apresentou a superfície do pavimento desgastada - pior avaliação
de pavimento do País. Já em relação a geometria da via - variável
que considera o tipo de rodovia (pista simples ou dupla) e a presença
de faixa adicional de subida (3ª faixa), de pontes, de viadutos, de
curvas perigosas e de acostamento - a pesquisa constatou que 81,7% da
extensão pesquisada não tem condições satisfatórias de
geometria; 18,3% tiveram classificação ótimo ou bom nesse aspecto.
O Estado tem 98,2% da extensão das rodovias avaliadas de pista
simples de mão dupla.
A
pesquisa identificou, ainda, 50 trechos com buracos grandes e 14 com
erosões na pista que colocam em risco o condutor ao trafegar pelas
rodovias paraenses.
Fonte: Portal ORM
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