O
presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, ordenou o fechamento da
fronteira de seu país com o norte do Brasil, em meio à escalada da tensão na
região pela iniciativa dos países que não o reconhecem mais
como presidente, entre eles os EUA e próprio Brasil, de tentar entregar
medicamentos e alimentos aos venezuelanos. A operação de ajuda humanitária na
divisa tanto brasileira como colombiana está prevista para começar no sábado,
23 de fevereiro. Apesar da decisão do regime venezuelano, o Governo
Bolsonaro anunciou que os planos da gestão seguem os mesmos: comida e remédios
seguirão estocados em Boa Vista e em Pacaraima, em Roraima, à espera de que
venezuelanos ligados a Juan Guaidó,
presidente interino e reconhecido por mais de uma centena de países, possam
levá-los aos compatriotas.
"A região de Pacaraima se
encontra em total estado de normalidade. A questão de segurança na faixa de
fronteira é a normal. Nós não mudamos absolutamente nenhum dos padrões de
comportamento com as nossas tropas", disse o porta-voz do Planalto,
general Otávio Santana do Rêgo Barros. Segundo Rêgo Barros, Bolsonaro
está atento à situação e em contato com o Ministério das Relações Exteriores.
Ele confirmou que tanto o chanceler Ernesto Araújo como o vice-presidente Hamilton
Mourão viajarão na próxima segunda-feira a Bogotá para a reunião de emergência
do Grupo de Lima para discutir a situação na Venezuela. A presença de Mourão no
encontro do grupo que tenta articular uma solução regional para a crise mostra
o aumento de estatura do general da reserva nas relações exteriores do Governo
Bolsonaro. Questionado, Rêgo Barros refutou a interpretação de que sua presença
na Colômbia "enfraqueceria" Araújo.
A tentativa de enviar ajuda
humanitária aumenta a disputa entre Guaidó e Maduro,
que já havia elevado o alerta militar nas fronteiras antes de decretar o
fechamento completo do limite de 2.200 quilômetros que separam a Venezuela e o
norte brasileiro, que já começou a vigorar no fim da tarde desta quinta. O
mandatário "avalia", além disso, tomar uma medida semelhante em
relação à Colômbia. "A partir de hoje fechamos a fronteira com o Brasil,
[e tomamos] todas as medidas de segurança e até segunda ordem", afirmou. "Quero que seja uma fronteira dinâmica e
aberta, mas sem provocações, sem agressão, porque sou obrigado como chefe de
Estado, chefe de Governo e comandante em chefe da FANB (Forças Armadas) a
garantir paz e tranquilidade", afirmou.
A situação de Roraima
A
medida foi anunciada um dia depois que a vice-presidente da Venezuela, Delcy
Rodriguez, anunciou o fechamento da fronteira aérea e marítima com as Antilhas
Holandesas e afirmou que Caracas colocou "sob revisão" as relações
com esses países. Colômbia, Brasil e Curaçao acumularam toneladas de ajuda
humanitária enviadas para a Venezuela, que está passando por uma profunda crise
econômica com escassez de alimentos e remédios que levou pelo menos três
milhões de venezuelanos a emigrarem, segundo dados da ONU. Maduro se opõe à
entrada da ajuda humanitária, que ele descreveu como "uma armadilha",
com o argumento de que é uma estratégia dos Estados Unidos e aliados para
violar a soberania da Venezuela.
O
principal ponto de entrada da ajuda, no plano da oposição, é pela
Colômbia. Guaidó
viajou nesta quinta-feira em direção à fronteira de seu país com a divisa
colombiana para comandar o operação de ajuda, marcada para o sábado. O
presidente interino se juntará a uma caravana de ônibus com centenas de pessoas e até um show na
cidade de Cúcuta, a principal da fronteira, está marcado em
apoio à resistência a Maduro.
Na fronteira com o Brasil,
mais precisamente no Estado de Roraima, também haverá movimentação. O Governo
brasileiro confirmou que vai disponibilizar medicamentos e alimentos com
recursos próprios para a população da Venezuela, que também aumentou a migração
para o Brasil. Entre 2017 e 2018, o Brasil recebeu 111.000 venezuelanos. De
acordo com o Governo federal, entram por hora no país 33 venezuelanos, em
média. Aproximadamente, 800 por dia.
Fonte: MSN/El PAÍS
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