Brasil Novo Notícias: Brasil ainda tem 13 milhões de analfabetos com 15 anos ou mais

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Brasil ainda tem 13 milhões de analfabetos com 15 anos ou mais

Por: Aliny Gama
Do UOL, em Maceió

  • Edvaldo dos Santos, 63, trabalha há 42 anos como pescador.
     Ele conta que sempre teve o sonho de aprender a ler e escrever
    (Foto: Beto Macário/UOL)
    Em 2013, o Brasil registrou 13 milhões de analfabetos com 15 anos ou mais -- contingente de pessoas que supera a população de São Paulo (11,8 milhões) e representa 8,3% do total de habitantes do país.
  • São dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), divulgada, nesta quinta-feira (18), pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas).
Aos 15 anos, um indivíduo deveria estar entre o final do ensino fundamental e o início do ensino médio, antigo colegial. É considerado analfabeto quem não é capaz de ler nem de escrever um bilhete simples.
A taxa volta a cair depois da primeira estagnação, em 2012, após 15 anos de declínio. O valor de 2013 (8,3%) é 0,4 ponto percentual menor que o registrado em 2012.

Sempre é tempo

Edvaldo dos Santos, 63, sempre quis aprender a ler e escrever, mas começou a trabalhar cedo para sustentar a mãe e a irmã. "Vou morrer sem saber ler, pois já passei da idade de aprender", afirma o pescador que mora em Maceió, capital de Alagoas.
"Vivo cinco dias no mar e quando volto ainda trabalho na arrumação e limpeza do barco. Meu trabalho não dá para ter tempo para estudar, mal tenho tempo para descansar", explica Santos cuja história representa um dos maiores desafios para a erradicação do analfabetismo no país.
Quem não teve a oportunidade de aprender acha que passou do período para isso, ou, pior, que não é capaz de aprender. É um discurso comum dizer que empreender esforços para matricular jovens e adultos é "difícil e oneroso".
O pescador conta que, apesar de ele ser analfabeto, incentivou os seis filhos a estudar. "Todos têm o segundo grau [ensino médio] e uma das filhas é pedagoga", contou Santos, que não lê nem escreve o próprio nome.

Queda no Nordeste

A maior queda entre as regiões ocorreu no Nordeste, onde a taxa caiu de 17,4%, em 2012, para 16,6% em 2013. Mesmo assim, a região ainda é a que tem o maior índice e concentra 53% de todas pessoas que não sabem ler ou escrever do país.
A região Sul foi a que registrou a menor taxa de analfabetismo, com 4,2% em 2013. Já a região Sudeste concentra 24,2% do total de analfabetos.
Quanto à idade, a Pnad 2013 mostrou que o maior índice de analfabetos se concentra no grupo de pessoas com 40 anos ou mais, 37,6%.
Beto Macário/UOL
O pedreiro Paulo Ferreira, 42, aprendeu em um canteiro de obras a escrever o nome e algumas palavras, mas conta que já esqueceu
O exemplo disso é pedreiro Paulo Ferreira, 42, que aprendeu em um canteiro de obras a escrever o nome e algumas palavras, "mas já esqueceu". Ele foi de Correntes (PE) para Maceió (AL) para trabalhar na construção civil há sete anos. Já tentou por duas vezes retomar os estudos no programa EJA (Educação de Jovens e Adultos), mas diz que o cansaço o fez desistir.
"Se não pude estudar, nasci com a inteligência para ser pedreiro e não me falta emprego. Me viro decorando os números dos ônibus para não me perder aqui em Maceió. Parei de estudar no serviço, pois eu não vou ficar na sala de aula dormindo na cadeira", afirma o pedreiro, que tem uma filha de três anos. Ele pretende colocá-la na escola com quatro anos.
"Vamos pagar uma escola particular, pois ela é inteligente e não queremos esperar para ela completar cinco anos para entrar na escola da rede pública."
Entre as pessoas com menos de 30 anos, a taxa de analfabetismo ficou abaixo de 3% em 2013. Na faixa de idade entre 40 a 59 anos, a taxa é de 9,2%. O índice de idosos analfabetos, com 60 anos ou mais, alcançou 23,9%.
O IBGE explica que a taxa de analfabetismo vem caindo entre os jovens de até 25 anos. A partir da faixa etária de 40 anos, a taxa é alta, devido a falta de acesso a educação anteriormente.
Por ser uma pesquisa por amostra, as variáveis divulgadas pela Pnad estão dentro de um intervalo numérico, que é o chamado "erro amostral". Segundo o IBGE, não há uma margem de erro específica para toda a amostra. Para a Pnad 2013, foram ouvidas 362.555 pessoas em 148.697 domicílios pelo país.




Brasil tem 201 milhões de habitantes; veja mais estimativas da Pnad 201331 fotos

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Em 2013, a população estimada no Brasil foi de 201,5 milhões de pessoas, o que representa crescimento de 0,9% em relação ao ano anterior --aumento de 1,8 milhão de pessoas. Os dados são da Pnad 2013 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) Leia mais Tasso Marcelo/AFP Photo


Fonte: Uol

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