Estudante conta que não imaginava ser agredida apenas por ser negra. Ministério Público diz que conexões do criminoso devem ser investigadas.
A
jovem que sofreu injuria racial no Pará disse que ficou assustada após receber
ameaças de violência e morte por e-mail. "Fiquei chocada. Eu nunca
imaginei na vida passar por essa situação. Ver meu nome deste jeito, exposto
com agressões tão fortes e ameaças de morte, por eu ser negra" conta a
estudante Sonia Regina Abreu.
Na
última quinta-feira (11) Sonia sofreu injúria racial nas redes sociais. Segundo
a Polícia Civil, o agressor utilizou um perfil falso e disse para a vítima que,
em Altamira, "não há lugar para negros sujos". O suspeito, que ainda
não foi identificado, ameaçou a jovem de 27 anos dizendo que "neguinha
como você a gente estupra e depois queima para não poluir o solo. Lugar de
negro é na senzala ou a sete palmos". Ele chegou até a enviar um e-mail
para a vítima, debochando das ameaças e dizendo que teria feito as ofensas
usando um computador operado pela vítima, dentro da universidade.
No
campus onde a jovem estuda, na Universidade Federal do Pará em Altamira, a
comunidade acadêmica espera que os agressores sejam responsabilizados.
"Esperamos que este caso seja de fato resolvido, e aqueles que fizeram tal
ato sejam punidos", disse Ivonete Coutinho, coordenadora do campus.
"É
uma situação estarrecedora. O que esta pessoa ou este grupo de fez na internet
foi dirigir o preconceito racial a esta moça e a raça negra como um todo",
disse a promotora Lucinery Ferreira, que coordena o núcleo de enfrentamento à
violência contra a mulher no Ministério Público do Pará.
Segundo
a promotora, grupos que pregam ódio contra negros agem em outros estados e até
mesmo fora do Brasil. Por isso, é preciso que a polícia, além de identificar o
criminoso, investigue as conexões do responsável pelas ofensas. "Se for
identificado que é um movimento com reflexo no exterior, até a Polícia Federal
deve se envolver pois se torna um crime transnacional. Estamos em um primeiro
momento. Ontem (15) foi o depoimento da vítima, e agora estamos iniciando a
apuração", conclui.
Fonte: G1/PA
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