Com
a finalidade de sensibilizar os profissionais da área da saúde,
implantar a cultura de doação de órgãos e captar potenciais
doadores na região da Transamazônica/Xingu, o Hospital Regional
Público da Transamazônica (HRPT), em Altamira, em parceria com a
Federação das Indústrias do Pará (Fiepa), sediou o curso sobre
''Processo de Doação e Transplante'' para profissionais
multiprofissionais membros da Comissão Intra-Hospitalar de Doação
de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT).
Na
ocasião, a coordenadora do Banco Social de Doação de Órgãos de
Transplantes da Fiepa, médica Márcia Iasi, trouxe sua equipe de
Belém (PA) para esclarecer o passo-a-passo da abordagem familiar, a
importância da doação, e como funciona o processo de captação de
órgãos no Brasil. O treinamento visa também estimular a efetivação
e reestruturação da CIHDOTT, do Hospital Regional de Altamira, para
que a comissão passe a captar órgãos e, assim, elevar o número de
transplantes na região Norte.
“A
entrevista familiar foi uma das demandas que surgiu aqui, que é a
grande ferramenta para o sucesso da doação. Há a necessidade de
qualificar os profissionais da saúde para que estejam habilitados
para conversar com a família em momentos de perda”, comenta a
médica Márcia Iasi. Ela também falou sobre a necessidade de
sensibilizar as famílias dos potenciais doadores. “Nós precisamos
do consentimento familiar e, pela ausência de informações ou pelo
não entendimento da população sobre o processo da morte
encefálica, os números da região Norte ainda não são
satisfatórios”, explica a médica.
Durante
o treinamento, a assistente social Vanessa Pimentel mostrou as
estratégias relacionadas à entrevista familiar para doação de
órgãos. “Nós demos algumas dicas de como conduzir, como acolher
as famílias quando o assunto é doação de órgãos, como é feita
a comunicação de má notícia com qualidade e de forma humanizada.
Nosso objetivo é tentar aumentar o índice de aceite familiar para
doação de órgãos cresça com indicadores significativos”,
comenta.
Cabe
ao Ministério da Saúde a gerência do sistema de transplantes, que
trabalha com captação de órgãos e tecidos. Segundo o Banco
Social, o desenvolvimento do País foi desigual, por isso as taxas de
doações são baixas na região Norte: menor que cinco doadores por
milhão de habitantes. Números que contrastam em relação às
regiões sul e sudeste: 23 doações por milhão de habitantes.
“Trabalhar para elevar os números de doadores na região Norte e,
consequentemente a transplantação, é o objetivo do Banco Social”,
diz a médica Márcia Iasi.
Para
efetivar a doação com sucesso, o processo exige que haja a retirada
dos múltiplos órgãos em tempo hábil. Por exemplo, aqueles que são
vascularizados, como pulmão, coração, intestino, fígado, pâncreas
e rins – é necessário que o doador esteja bem mantido, a morte
documentada e, o importante, que o coração esteja batendo. Outro
critério a ser respeitado é o fator tempo: os múltiplos órgãos
devem ser retirados em tempo hábil para serem transplantados.
No
Brasil, depois de detectada a morte cerebral e após consentimento da
família, a legislação autoriza a doação de órgãos. A partir
daí gera-se no Sistema Nacional de Transplante (SNT), que determina
quem vai receber os órgãos doados. Por isso, é necessário
respeitar o tempo de retirada dos órgãos. Para se ter uma ideia, o
tempo de retirada do órgão para o receptor específico varia
dependo do órgão. Por exemplo, o coração, entre retirada do
doador e transplante no receptor, de acordo com a médica Márcia
Iasi, não pode ultrapassar seis horas.
Participaram
do treinamento 15 profissionais, dentre eles, médicos, enfermeiros,
assistentes sociais e psicólogos que hoje são treinados pelo
Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA), em Santarém. O HRBA já
realiza captação com equipe do próprio hospital e seis
transplantes de rim já foram realizados, desde novembro de 2016.
Para a diretora de Enfermagem da unidade, Luciana Madruga, o assunto
merece atenção, já que há a necessidade do aumento no número de
transplantes no Estado. “Transplantes salvam vidas, dão qualidade
de vida a milhares de pessoas que estão com a sua dignidade
reduzida, sem espaço para se sentirem produtivas. Portanto, essa
decisão da doação é da sociedade. Essa terapêutica só existe se
as pessoas participarem. O transplante é o único tratamento que
depende do sim da sociedade”, frisa a diretora.
Por:
Thaís Portela (ASCOM - HRPT).
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