Brasil Novo Notícias: NOTA SOBRE DEMORA PARA DEFINIÇÃO DA RELOCAÇÃO DAS FAMÍLIAS DE ÁREA DE RISCO EM ALTAMIRA

quinta-feira, 19 de julho de 2012

NOTA SOBRE DEMORA PARA DEFINIÇÃO DA RELOCAÇÃO DAS FAMÍLIAS DE ÁREA DE RISCO EM ALTAMIRA

Escrito por WIlson Soares   


fotoA construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte e a consequente formação do seu reservatório causarão o alagamento de uma área na cidade de Altamira onde hoje residem aproximadamente sete mil famílias. O licenciamento ambiental da usina, os Estudos de Impactos Ambientais (EIA/Rima) e o Projeto Básico Ambiental determinam como dever do empreendedor privado, no caso a empresa Norte Energia S.A, a realocação destas famílias para novos bairros, que devem ser construídos especialmente para receber estas pessoas.
Entretanto, há menos de três anos da data prevista para o enchimento do reservatório, nem mesmo as áreas para onde estas famílias serão levadas foram definidas. O Fórum Regional de Desenvolvimento Econômico e Socioambiental da Transamazônica e Xingu (FORT Xingu), formado por 178 entidades, não poderia se omitir e, de acordo com o compromisso de defender o desenvolvimento regional e o papel de Belo Monte como fator de melhoria das condições de vida das populações locais, vem a público se manifestar sobre o assunto.
1 – As quase sete mil famílias que residem em áreas de risco nas margens de igarapés na cidade de Altamira, precisam e merecem saber para onde serão realocadas, até para que possam se programar para a nova vida e tenham a segurança de que sairão de suas atuais residências para as novas casas. A Norte Energia S.A, apesar de anunciar que já definiu estas áreas, não concretizou efetivamente qualquer negociação ou aquisição, gerando boatos, causando aumento de preços dos imóveis e provocando ainda mais insegurança e ansiedade nas famílias que aguardam saber para onde serão levadas.
2 – Apesar de todas as condicionantes de Belo Monte serem importantes, a realocação destas famílias é uma das mais significativas, pois irá mudar para melhor a vida de milhares de famílias que hoje residem em áreas de risco, sobre palafitas, e que sonham há décadas com um local melhor para viver. Trata-se, portanto, de uma ação fundamental e de importância crucial para a cidade de Altamira. A sociedade não consegue compreender porque, um ano após o início das obras de construção da usina, ainda não exista uma definição sobre as áreas para realocação. Até porque já houve a manifestação da sociedade civil de Altamira sobre as melhores áreas para serem construídos os novos bairros.
3 - De acordo com cadastro realizado pela própria Norte Energia, cerca de 5.200 residências terão que ser construídas, além da necessidade das obras de urbanização, pavimentação de ruas, esgoto, drenagem, iluminação e abastecimento de água nestes novos bairros. Considerando que área locação teria que acontecer em 2015, consideramos um prazo muito curto para que se construa os novos bairros e novas residências. Com este cronograma, são muito grandes as chances de que chegue o momento do enchimento do reservatório eas casas não estejam prontas, o que irá causar um grave problema social. Para onde estas famílias serão levadas? Para abrigos provisórios? Para casas alugadas?
4 – A sociedade civil não pode aceitar que o problema seja literalmente "empurrado com a barriga", assim também como não deve aceitar soluções paliativas. Iremos cobrar para que o reservatório da usina só possa ser cheio quando todas as famílias forem transferidas para as suas novas moradias definitivas, para que se possa evitar problemas de ordem social.
5 – As famílias que serão afetadas também estão receosas que o curto tempo necessário para a construção das casas faça o empreendedor usar materiais não recomendados para a região ou mesmo que se construam casas de lata ou de isopor, pois estas famílias querem residir em casas construídas em alvenaria, com materiais de qualidade, e a sociedade não poderá aceitar que se façam estas casas de forma diferente, nem que se repitam erros como a construção de "escolas de latas" que vêm sendo construídas na periferia de Altamira pela Norte Energia S.A. Queremos bairros planejados e bem feitos, projetos modernos e ambientalmente corretos e casas que durem várias gerações.
6 – O Programa de Reassentamento Urbano em Altamira, previsto no PBA e no Eia/Rima, é de vital importância para a reorganização do tecido urbano, a solução de antigos problemas de ocupação desordenada e extremamente necessário para a execução de outros programas, como a melhoria do sistema viário e a revitalização dos igarapés Altamira, Ambé e Panelas. A demora na sua implantação tem gerado problemas como o aumento das invasões e ocupações nas margens dos igarapés, contribuindo para ampliar antigos passivos ambientais e sociais existentes.
7 – Entendemos que o volume de recursos investidos pela Norte Energia nas condicionantes e compensações, anunciados como sendo de R$200 milhões, está muito aquém das expectativas da população, especialmente se considerado os investimentos socioambientais previstos de mais de R$ 3 bilhões.
8 – Continuamos considerando Belo Monte um projeto estratégico para a região e fator de alavancagem do desenvolvimento econômico, social e ambiental de nossa região. Também acreditamos que o governo federal tem se esforçado ao máximo para fazer deste projeto um modelo de implantação de grandes obras na Amazônia, tanto que tem mantido uma presença mais efetiva, com representantes de diversos ministérios e órgãos. Entretanto, é preciso que os empreendedores privados envolvidos no empreendimento estejam alinhavados com os interesses públicos e coletivos, de forma que a Usina Hidrelétrica de Belo Monte possa cumprir com a sua função de gerar a energia necessária para o desenvolvimento do Brasil, que possa gerar lucros para os acionistas, mas também que seja o grande fator de transformação social e inclusão que todos sempre sonhamos e buscamos.
Fort Xingu - Unidos somos mais forte

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