Escrito por Valéria Furlan
O impasse na aldeia Muratu, na Volta
Grande do Xingu em Altamira, continua. Hoje (26-07) completam três dias
que índios da etnia Juruna impedem a saída da aldeia de um funcionário
da área ambiental e dois engenheiros que trabalham para a Norte Energia
S/A, responsável pela construção e operação da hidrelétrica de Belo
Monte, além de mais 10 pessoas.
Segundo informações da FUNAI, o clima na
aldeia é pacífico. Os reféns podem circular normalmente pela aldeia,
dormem em uma barraca coberta de palha e receberam ainda na tarde de
ontem, água e alimentos, encaminhados pela Norte Energia, mas ainda não
há uma previsão de quando serão liberados.
Hoje pela manhã, alguns representantes
da Norte Energia, de Brasilia – DF desembarcaram em Altamira, entre eles
João Pimentel, diretor de Relações Institucionais da empresa. Eles
vieram participar da reunião mensal do Plano de Desenvolvimento Regional
Sustentável do Xingu – PDRSX, mas a expectativa é que esses
representantes também se reúnam para discutir sobre a situação na aldeia
indígena.
Entenda o caso
Funcionários da Norte Energia, além de
empresas terceirizadas, representantes do Ministério Publico Federal e
FUNAI, foram a aldeia indígena Muratu, na segunda-feira (23-07) para
realizar uma reunião sobre os mecanismos que a empresa pretende oferecer
para transpor embarcações após o barramento completo do Xingu, na
altura do canteiro de obras de Pimental.
De acordo com o Ministério Público
Federal, logo no início das explanações os indígenas já manifestaram
desacordo com o processo, uma vez que as explicações dos engenheiros
eram extremamente técnicas e de impossível compreensão. 'Havia também um
clima de completa descrença dos índios na empresa, uma vez que nenhuma
das condicionantes que a Norte Energia deveria ter realizado para
minimizar os impactos das obras nas aldeias foi cumprida até agora',
explica a procuradora do MPF Thais Santi. 'A uma certa altura, os
próprios engenheiros reconheceram que a reunião era absurda, que aquilo
não era oitiva, que a Funai não poderia considerar a reunião como tal e
que o projeto técnico que estavam apresentando não fazia nenhum
sentido', diz a procuradora.
Na manhã de terça-feira (24), após o
pernoite dos funcionários na aldeia, os indígenas comunicaram à equipe
que eles estariam detidos. As lideranças indígenas informaram que só vão
liberar os refens depois que representantes da Norte Energia, do
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama) e da Fundação Nacional do Índio (Funai) forem à aldeia
negociar.
Os índios exigem o cumprimento imediato
das medidas condicionantes, que são ações para compensar os impactos
causados pelas obras sobre as populações indigenas. "Se caso o rio
fechar e nenhuma condicionante for cumprida, depois que barrarem o rio
não vamos mais conseguir reivindicar nossos direitos", diz o cacique
indígena Giliard Juruna.
A Norte Energia informou que já entrou
em contato com a Funai para liberar os reféns o mais rápido possível.
Segundo a Funai, dois representantes da Fundação estão no local para
viabilizar as negociações.
Texto: Valéria Furlan com informações do Portal ORM
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