O
juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, condenou pela
segunda vez o ex-ministro José Dirceu na Lava Jato, desta vez a 11
anos e três meses de prisão pelos crimes de corrupção e lavagem
de dinheiro.
Dirceu
foi condenado por Moro por ter recebido R$ 2.144.227,73 em propina
proveniente de contratos da empresa Apolo Tubulars com a Petrobras,
por intermédio de Renato Duque, diretor de Serviços da petroleira
estatal à época dos crimes.
Segundo
a sentença proferida por Moro, R$ 1,4 milhão da propina foi paga
por meio de serviços de táxi aéreo, mediante o custeio de despesas
pela utilização, por Dirceu, de duas aeronaves pertencentes ao
lobista Julio Camargo, que assinou acordo de delação premiada com a
Justiça e assumiu ser o intermediário entre os sócios da Apolo e
Renato Duque.
Segundo
o Ministério Público Federal (MPF), o ex-ministro realizou 113 voos
nas aeronaves entre novembro de 2010 e julho de 2011. Dirceu assumiu
as viagens, mas disse que foram realizadas a título de cortesia.
“Em
que pese o teor dos depoimentos de ambos, José Dirceu e Luiz Eduardo
de Oliveira e Silva, simplesmente não é crível que alguém
disponibilize a título gratuito voos em seus jatos executivos, cujos
valores são notoriamente exorbitantes, a um terceiro, de forma
despretensiosa”, escreveu Moro na decisão de ontem (8).
Ao
todo, segundo o MPF, foram repassados R$ 7,4 milhões pela Apolo
Tubulars em propina. Além do desviado por Dirceu, o restante foi
direcionado para o PT, diz a denúncia. Em troca, Duque garantiu um
contrato de R$ 255 milhões entre a empresa e a Petrobras, que com
aditivos chegou ao valor de mais de R$ 450 milhões.
De
acordo com a denúncia, o restante da propina foi pago por intermédio
de uma empresa do lobista Júlio Camargo, chamada Piemonte, através
de notas fiscais frias.
Na
mesma sentença, Moro condenou outras quatro pessoas, incluindo Luiz
Eduardo de Oliveira e Silva, irmão de José Dirceu, que deverá
cumprir seis anos e oito meses de prisão pelos crimes de corrupção
e lavagem de dinheiro. Dois sócios da Apolo, Paulo Cesar Peixoto de
Castro Palhares e Carlos Eduardo de Sá Baptista, foram absolvidos.
Em
maio de 2015, Dirceu foi condenado pela primeira vez na Lava Jato, a
23 anos e três meses de prisão pelos mesmos crimes e também por
pertencer a organização criminosa. Em julho do ano passado, a pena
foi atenuada por Moro, para 20 anos e dez meses, porque o condenado
tem mais de 70 anos.
O
ex-ministro está preso desde agosto do ano passado no Complexo
Médico-Penal em Pinhais, região metropolitana de Curitiba.
Em
nota, o advogado de José Dirceu, Roberto Podval, manifestou repúdio
à nova condenação de seu cliente. “Hoje não se julga mais os
fatos e sim o nome de quem aparece na capa do processo. Estão
matando o Zé Dirceu. É mais fácil matá-lo que admitir sua
inocência. Espero com a teimosia dos burros que nossos juízes
voltem a julgar se guiando pela Constituição e não pela opinião
pública”, diz o texto.
Fonte:
Agência Brasil

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