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| © AP Photo/Eraldo Peres |
O
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva avalia que a Lava Jato
causará impacto em “todos os partidos” e diz agora que o que
chama de “exageros” da operação, somados ao desemprego e à
crise econômica, tendem a produzir um movimento “queremista” por
sua volta ao poder.
Pela
primeira vez desde que virou réu na Lava Jato, Lula começou a
chamar aliados para detalhar seus planos e admitir a intenção de
disputar o Palácio do Planalto, tendo o comando do PT como ponto de
apoio para ganhar mais visibilidade.
“Para
vocês posso dizer: eu serei candidato à Presidência da República”,
afirmou ele à deputada Luciana Santos (PE), que comanda o PCdoB, e
também a Orlando Silva (SP). A conversa ocorreu na segunda-feira
(6), em São Paulo.
Lula
já encomendou ao ex-ministro da Fazenda Nelson Barbosa, a Luiz
Gonzaga Belluzzo e a professores da USP, como Laura Carvalho,
propostas para a confecção de um programa econômico, como
antecipou o Estado. O mote de sua plataforma será o estímulo ao
consumo “com responsabilidade fiscal”.
Mesmo
o tradicional aliado PCdoB, porém, já faz previsões para se
descolar do PT, lançando o governador do Maranhão, Flávio Dino, à
sucessão do presidente Michel Temer.
Os
petistas não têm Plano B para o caso de Lula ser impedido de
disputar a Presidência, se for condenado na Justiça em segunda
instância e virar ficha-suja. Hoje, ele é alvo de cinco ações
penais – três na Lava Jato –, mas, mesmo assim, lidera as
pesquisas de intenção de voto.
À
beira de um racha, o PT tem alas que veem com simpatia o aval a Ciro
Gomes (PDT), caso Lula não possa concorrer. A adesão a Ciro, porém,
ocorreria somente em último caso. O grupo que defende essa
alternativa quer uma “operação casada”, na qual o ex-prefeito
de São Paulo Fernando Haddad seria candidato a vice. A hipótese nem
de longe tem a maioria do partido.
EX-PRESIDENTE
TRAÇA ROTEIROS DE VIAGEM PELO PAÍS
Desde
que aceitou presidir o PT e ser candidato ao Palácio do Planalto, o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva traçou um roteiro de
viagens pelo País. A previsão é de que no dia 19, por exemplo, ele
visite obras do projeto de transposição das águas do Rio São
Francisco.
A
primeira parada deverá ser na Paraíba. O PT se queixa de que o
presidente Michel Temer tenta agora tirar dividendos políticos de
uma obra que começou no governo Lula e continuou na gestão Dilma
Rousseff.
Temer
inaugurou, na sexta-feira (10), o Eixo Leste da transposição, no
município de Monteiro (PB). O governador Geraldo Alckmin – um dos
presidenciáveis do PSDB – também visitou recentemente um trecho
da obra, mas em Pernambuco.
Hoje
(12) Lula desembarca em Brasília. Será uma semana de encontros,
discursos e um depoimento à Justiça Federal. O petista participará
do 12.º Congresso de Trabalhadores Rurais e, na terça-feira (14),
prestará depoimento no processo em que é acusado de obstruir as
investigações da Lava Jato.
Disputa.
As
correntes de esquerda que integram o grupo Muda PT tentarão nesta
semana demover Lula da ideia de comandar o partido. Seus discípulos
dizem, porém, que ele só aceitou presidir a legenda, a partir de
junho, para evitar uma disputa fratricida entre os que cobram um
“acerto de contas” desde o mensalão e os que pregam um
inventário dos erros apenas no papel.
Sob
o argumento de que Lula deve se concentrar em sua própria defesa e
na campanha ao Palácio do Planalto, o Muda PT defende Lindbergh
Farias (RJ) no comando do partido. Nos bastidores, integrantes do
grupo afirmam que é um erro o ex-presidente dirigir o PT porque
colará todos os problemas dele na sigla, que já enfrenta uma crise
sem precedentes.
“A
candidatura de Lula à presidência do PT tem dois eixos centrais:
impedir que o partido se fracione e fazer a defesa dele”, afirmou o
prefeito de Araraquara, Edinho Silva, que foi ministro da Comunicação
Social no governo Dilma. “Com Lula, a autocrítica e o balanço dos
erros se dará de forma construtiva. Sem ele, será destrutiva e o PT
passará por um período de muita divisão e enfraquecimento nas
eleições de 2018.”
Lula
também vai procurar líderes regionais do PMDB para discutir a
campanha. Estão nessa lista peemedebistas nada próximos a Temer,
como o ex-presidente José Sarney e o senador Roberto Requião (PR).
“O PT só fará alianças com antigolpistas. Mesmo assim, são as
forças de esquerda que devem ter a palavra final sobre o programa e
as composições”, disse o secretário de Formação do PT, Carlos
Árabe.
Fonte:
MSN/Estadão

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