BRASIL NOVO NOTÍCIA: POLÍCIA CIVIL DO PARÁ PRENDE NO INTERIOR DO MARANHÃO ACUSADO DE ATUAR COMO "CURADOR" DO JOGO DA BALEIA AZUL

domingo, 2 de julho de 2017

POLÍCIA CIVIL DO PARÁ PRENDE NO INTERIOR DO MARANHÃO ACUSADO DE ATUAR COMO "CURADOR" DO JOGO DA BALEIA AZUL

Delegada Vanessa Lee fala à imprensa sobre caso
A Polícia Civil apresentou, nesta sexta-feira, 30, detalhes sobre a operação “Blue Whale” deflagrada por policiais civis da Divisão de Prevenção e Repressão a Crimes Tecnológicos (DPRCT) do Pará, na zona rural do município de Bequimão, a 77 quilômetros de São Luís, capital do Maranhão, no dia de ontem.

No local, foi preso o estudante maranhense Jardson Cantanhede Amorim, 19 anos, foi a primeira pessoa no Brasil a ser presa acusada de atuar como "curador" do jogo Baleia Azul na internet. Ele teve mandado de prisão preventiva decretado pela Justiça paraense após ser identificado como intermediador do Grupo “Blue Whale”, página no Facebook que era usada para orientar crianças e adolescentes a cumprirem o jogo que conta com uma série de desafios, desde a mutilação do próprio corpo com cortes, escutar músicas psicodélicas e até em provas que podem levar ao suicídio dos jovens.

O preso chegou a Belém, na noite de ontem, e foi ouvido em depoimento hoje na sede da DPRCT, no bairro do Telégrafo, pela delegada Vanessa Lee. Segundo a delegada, até o momento, duas vítimas já foram identificadas. Uma delas é uma jovem de 18 anos, moradora em Ananindeua, na região metropolitana de Belém, que chegou a cortar as mãos e braços durante os desafios. A outra vítima é uma jovem que mora em Portugal, que também se lesionou com cortes. Ouvido em depoimento, o preso negou ser curador do jogo da Baleia Azul. As investigações foram iniciadas há três meses, após a mãe da jovem de 18 anos ter procurado inicialmente a Seccional Urbana de Ananindeua, de onde foi encaminhada para a DPRCT, em Belém. Ouvida pela delegada Vanessa Lee, a mãe da jovem informou que a filha estava cumprindo desafios do chamado jogo da Baleia Azul e que chegou a cortar o próprio corpo com uma navalha para cumprir as provas repassadas em uma página na rede social Facebook.
Após ouvir os depoimentos, a delegada apurou, na época, que a página possuía mais de um curador do jogo. Um deles, que seria o maranhense, explica a delegada, efetuou o aliciamento da vítima paraense pelo Facebook, por meio de um perfil falso e, posteriormente, enviou um convite para a vítima para participar do grupo. Os jovens eram orientados a acessar uma outra rede social de origem russa denominada “VK”. Segundo informações coletadas na rede mundial de computadores, além do Pará, ocorreram casos semelhantes nos Estados do Mato Grosso e Minas Gerais. Ao todo, as investigações identificaram no grupo um total de 88 participantes, mas o número de pessoas com as quais ele se comunicou nas redes sociais não pode ser mensurado.
As investigações realizadas mostraram que os criminosos, através da internet, cooptaram crianças e adolescentes, em geral, fragilizados emocionalmente por traumas e em estados depressivos, por problemas familiares, a participarem dos jogos. "Facilmente, elas foram impressionadas pelas exigências e orientadas a realizarem as tarefas, caso contrário eram ameaçadas ou tinha os familiares ameaçados", explica. A dinâmica do jogo começava por links contidos em grupos no Facebook, os quais redirecionam os jovens para a rede social russa. Depois, os adolescentes eram selecionados a participar do jogo e a cumprir 50 desafios macabros. Neste jogo, detalha a delegada, o “curador” convidava os jovens para o jogo e enviava os desafios a serem cumpridos por meio de um bate-papo.
Nas conversas, os jovens eram instigados a pegar uma navalha ou faca e riscar a palma da mão com uma numeração fornecida pelo "curador". Depois, tinham que enviar a foto da mão para mostrar que haviam cumprido a prova para poder passar para a próxima prova. A equipe policial da DPRCT efetuou a identificação de IPs e de dados telemáticos para localizar e identificar o endereço do “curador” responsável pelo jogo. Jardson Amorim foi preso na casa onde mora com os pais, em uma comunidade rural, no interior do município maranhense. No local, detalha a delegada, o acusado acessava a internet por meio do telefone celular. Para realizar as investigações, a equipe policial da DPRCT contou com apoio da Coordenação Geral de Inteligência (CGI) da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), por meio do programa Cyberlab.

As investigações resultaram na decretação de mandados judiciais pela 2ª Vara Criminal da Comarca de Ananindeua no Pará. A operação policial no Maranhão, que foi coordenada pela delegada Karina Campelo, da DPRCT, foi realizada em conjunto com a equipe de policiais civis da Delegacia de Bequimão coordenada pela delegada titular do município maranhense, Martha Dayanne. O preso vai responder pelo crime previsto no artigo 122, do Código Penal, por induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio. O crime tem duas penas previstas. Uma delas é de 1 a 3 anos, caso resulte em lesão corporal da vítima, ou de 2 a 6 anos, caso resulte na morte. Após prestar depoimento, o preso foi conduzido para o Sistema Penitenciário para ficar recolhido à disposição da Justiça.

Veja a reportagem da TV Record sobre o assunto:

ZONA RURAL O preso é natural de Bequimão e morador de uma localidade do interior deste município chamada Cumbila.
Esse fato chamou a atenção dos policiais civis. "O local simples não impediu que aspectos negativos propiciados pelos avanços das tecnologias da informação, a exemplo da internet, propiciem aos criminosos revelar a extrema crueldade que um ser humano pode cometer se escondendo através de um perfil falso nas redes sociais, de forma a lhe garantir 'anonimato' e, assim, orientar jovens a se mutilarem fisicamente e psicologicamente para depois subtraírem sua vida", ressalta a delegada Vanessa Lee. A Polícia Civil do Estado do Pará vai prosseguir a investigação policial para garantir a proteção da criança e do adolescente e inibir condutas criminosas na rede mundial de computadores. 

Fonte: PC/PA

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