“Vejam, o salário dos trabalhadores que ceifaram os seus campos, e que por vocês foi retido com fraude, está clamando contra vocês. O lamento dos ceifeiros chegou aos ouvidos do Senhor dos Exércitos.” - Tiago 5:4 (NVI)
A carta escrita por Tiago – meio irmão de Jesus - é considerada uma obra literária de sabedoria a estilo do Antigo Testamento, ainda que com evidentes premissas cristãs. O autor se mostra prático e livre de embaraçosos teológicos, em sua ênfase.
Hoje, talvez, a carta não seria estimada pela “extrema direita” já que sua abordagem coloca no centro o pobre, a viúva e o desfavorecido. A esquerda, no entanto, também não aceitaria o escrito de bom grado, pois Tiago preserva na epístola os “bons costumes” do judaísmo. Se a extrema direita é perigosa e egoísta; a esquerda é, ontologicamente, imoral! Qualquer premissa da esquerda que ouse levantar a bandeira de sua pseudo-virtude usando o escrito de Tiago, cai logo, ao chegar na segunda parte do verso de Tg 1.28: “...não se deixar corromper pelo mundo”.
Tiago estava condenando patrões ímpios de crentes pobres, responsáveis em grande parte pela miséria e sofrimento pelos quais os pobres passavam por ocasião desta carta.
Percebemos por aqui (e vários são os textos das Escrituras a esse respeito) que Deus jamais se ausenta neste tipo de situação. Ele nunca esteve do lado da opressão e do opressor. A demora de seu juízo, entretanto, não significa a procrastinação do mesmo. Há um tempo determinado para todas as coisas. Tiago diz que, a prosperidade destes ricos gananciosos era tão somente o preparo para a execução do juízo.
Os ricos opressores teve sua vida na terra, como o boi cevado que nem desconfia da finalidade pela qual o seu dono empanturra de comida todo o dia; os ricos são engordados com as riquezas e prazeres obtidos e desfrutados de forma ilícita, para que, quando chegarem ao matadouro do juízo, estejam prontos para o abate de seu coração perverso (v.3).
Passaram sua vida toda nutrindo aquilo que os haveria de destruí-los pela eternidade a fora. Suas riquezas não serão aproveitadas no dia da ira (Pv 11.4; 10.2), pois, “o que dará o homem em troca da sua alma (Mt 16.8)?”
Toda a pompa luxuosa de suas vestes será roída pelas traças. A Escritura traz através desta ilustração, “roupas roídas”, o castigo de Deus que virá sobre o arrogante e a opulência dos ímpios (Sl 39.11; Is 50.9; 51.8; Os 5.12).
O Criador fez todas as coisas para que pudéssemos delas desfrutar e alegrar o nosso coração (At 14.17). Não é pecado desfrutar dos prazeres da vida. O próprio Deus por vezes permite que seus filhos façam isso. No caso aqui, pelo qual vem a denuncia de Tiago é o viver regaladamente à custa do pobre, que além de gemer pela dura cerviz, também tinha o salário retido com fraude. Estes pobres eram condenados e mortos, sem que pudessem oferecer resistência (Tg 5.6). Ninguém era por eles. Deus, contudo, toma partido e lança justiça sobre a injustiça.
O Senhor toma a causa da ovelha que tem sua lã arrancada para que se façam casacos de pele aos lobos. O Senhor dos exércitos está do lado oposto da tirania do governo que joga altos impostos nas costas dos cidadãos (Pr 29.4). Deus é contra aquele patrão que impõe metas inativeis ao trabalhador, para que ele produza mais, sem, no entanto, ganhar por isso. Todas as doenças – como síndrome do pânico, depressões, pressão alta etc, fruto deste trabalho escravo – estão devidamente registradas no livro de Deus. Nada é despercebido aos olhos do Senhor (Tg 5.4).
Infelizmente não há muito que fazer. A maldade sobrepuja a retidão (Ec 3.16). O poder está do lado dos opressores (Ec 4.1). Mas Deus sempre traz alívio e esperança àquele que não é servo do dinheiro. É interessante notar que, pessoas que dispõe de poucos recursos, consiga ser patrão do dinheiro; enquanto que, pessoas que possuem grandes fortunas são escravas de sua riqueza, pois vivem em torno dela.
Quanto mais nos deixarmos afetar pelas distrações da vida, mais o nosso coração se inquietará por elas, tendo pouco ou muito. Quando subimos na garupa deste tipo de gente inescrupulosa, maquiavélica, que não mede esforços para alcançar seus anseios egoístas e malignos, mais parecidos com elas nos tornamos.
Perceba que mesmo que estejamos abastados de recursos e desfrutando de boa saúde, no entanto, ainda sim o nosso coração insiste em permanecer debaixo da servidão das ansiedades. Andamos inquietos porque colocamos a segurança do nosso futuro nestas coisas. Se este for o nosso estado, é com razão que tememos (ainda que tenhamos tudo), pois a qualquer momento nosso “império” poderá criar asas e voar para um lugar longínquo. Com efeito, só teremos verdadeira paz e segurança quando o nosso coração repousar em Deus – quer na bonança, quer na escassez.
Muitos ricos tem tudo, no entanto não conseguem desfrutar de nada. O medo de perder sufoca o deleite de desfrutar. O sono do justo que põe a confiança em Deus é ameno e tranquilo. Ele consegue comer, beber e desfrutar do produto do seu trabalho, pois não se apoia em suas habilidades, mas em Deus, que nos provê tudo com abundância para que nos alegremos (1 Tm 6.17).
O mundo jaz no maligno!, é verdade; porém, aquele que está em Cristo, não pertence ao mundo. O mundo passa com a sua cobiça e ganância, mas o que faz a vontade de Deus permanece para sempre (1 Jo 2.17).
Deixe-os perseguir o vento. Ainda que muitos julguem inútil o caminho da retidão, Deus fará brilhar a vista de todos a diferença entre o justo e o mau; entre o que serve a Deus e o que serve ao dinheiro.
As lágrimas e o clamor dos que não podem oferecer resistência chegou ao Senhor dos Exércitos. Portanto, sejam pacientes na tribulação e alegrem-se na esperança, pois o nosso socorro vem do Senhor, que fez os céus e a terra.
Em Cristo Jesus, considere este artigo e arrazoe isto em seu coração.
Por: Fabio Campos
Nenhum comentário:
Postar um comentário